Djavan
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Letras de Músicas

  1. 02. Sina
  2. 03. Oceano
  3. 04. Se...
  4. 07. Água
  5. 10. Lilás
  6. 14. Azul
  7. 16. Sorri
  8. 20. Açaí
  9. 24. Capim
  10. 25. Outono

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Assim como as flores, os poetas não escolhem lugar ou classe social para florescer. Nascido em família pobre, a 27 de janeiro de 1949, em Maceió (AL), Djavan poderia ter virado raiz, mas a música mudou seu destino e de uma flor-de-lis brotou uma carreira cuja floração já perdura por mais de 25 primaveras. Por sua originalidade e polinização de suas canções, a única coisa que se pode prever a cada novo trabalho de Djavan é sua versatilidade de tons.

Filho de mãe lavadeira, ainda garoto escutava-a cantarolar os sucessos de Ângela Maria e Nelson Gonçalves. Mas a música só veio a se revelar essencial para Djavan Caetano Viana na adolescência. O violão, aprendeu sozinho, olhando, ouvindo e acompanhando as cifras nas revistinhas do jornaleiro. Nesta época, ganhava a vida como meio-de-campo no CSA.

Aos 18 anos, formou o conjunto Luz, Som, Dimensão (LSD), que animava os bailes em clubes, praias e igrejas de Maceió. No ano seguinte, Djavan largou o futebol e passou a dedicar-se apenas à música. Foi dedilhando o violão que Djavan descobriu que podia compor. Os companheiros não o entendiam muito bem, achavam-no estranho, complexo. Mas Djavan teve logo uma certeza, que permanece verdadeira até hoje: gosta de cantar, mas precisa compor. Então, em 1973, decidiu tentar a sorte no Rio de Janeiro.

O começo, é claro, foi difícil, negro, nordestino, sem nenhum conhecimento na grande cidade, o que esperar? Das desilusões iniciais, aos poucos, desejo e sina se confundiram e foram lapidando seu sonho. Com a ajuda inestimável do radialista e conterrâneo Edson Mauro, que o apresentou a Adelzon Alves, que por sua vez o apresentou ao produtor da Som Livre João Mello, Djavan teve sua primeira oportunidade: gravar músicas de outros artistas para as novelas da TV Globo. São deste período “Alegre Menina” (Jorge Amado e Dorival Caymmi), da novela “Gabriela” e “Calmaria e Vendaval” (Toquinho e Vinícius de Moraes), incluída na trilha de “Fogo sobre Terra”. Para completar o salário, Djavan era rooner nas boates Number One (Ipanema) e 706 (Leblon). Assim, com o apoio de João Araújo (Presidente da Som Livre), Djavan pôdetrazer sua família (esposa e filha) para o Rio.

Mas ainda era preciso compor. A chance de mostrar seu talento como compositor aconteceu em 1975 com o Festival Abertura. Conquistando o segundo lugar, sua carreira tornou-se fato consumado, pelo menos a partir daí que o próprio Djavan considera seu início. “Fato Consumado” virou compacto e abriu as portas para uma nova fase em sua vida com a gravação de seu primeiro LP, em 1976. “A Voz, o violão e a arte de Djavan inscreveu “Flor de Lis” na posteridade.

No ano seguinte, Djavan assinou contrato com a EMI-Odeon, onde viria a gravar três álbuns: “Djavan” (1978), “Alumbramento” (1980) e “Seduzir” (1981). O primeiro nos deu “Serrado” e “Álibi” o segundo, “Meu bem querer” e “A Rosa”, com Chico Buarque; e o terceiro, “Seduzir” e “Faltando um pedaço”.

Artistas, público e crítica começam, então, a reconhecer o talento de Djavan como compositor. Nana Caymmi gravou “Dupla Traição”; Maria Bethânia, “Álibi” e Roberto Carlos, “A Ilha”. Gal Costa soma pontos com sua interpretação para “Açaí” e “Faltando um pedaço”; que tornaram-se as mais executadas em todo o país. Mas a maior homenagem veio de Caetano Veloso que, ao gravar “Sina”, retribuiu o verbo “caetanear” com “djavanear”. Suas músicas podiam ser ouvidas no rádio, em shows e em discos, e renderam-lhe o prêmio de melhor compositor por dois anos consecutivos (81 e 82) pela Associação Paulista dos Críticos de Arte.

Em 82, Djavan vai para a CBS (atual Sony Music) já na categoria de artista consagrado. Mesmo no hemisfério norte a “Luz” de Djavan ganhava intensidade. Gravado nos Estados Unidos, o álbum teve participação especial de Stevie Wonder na faixa “Samurai”, de instrumentistas como Ernie Watts e produção de Ronnie Foster. Outros destaques deste disco são “Sina”, “Pétala” e “Açaí”. A importância que Djavan assume na música brasileira pode ser medida através de seus shows, que passaram de teatros para ginásios e estúdios e da venda de seus discos que saltaram de 40 mil para 350 mil cópias.

Entre “Luz” e “Lilás”, Djavan dedicou cinco meses à carreira de ator, vivendo um poeta-mendigo que se apaixona pela moça rica (Patrícia Pilar) em “Para viver um grande amor” (1983), filme de Miguel Faria Jr. O resultado foi bastante satisfatório, mas sua personalidade exigente não o permitiria dar continuidade a algo que ficasse abaixo de suas próprias expectativas. Djavan tem grande interesse no cinema, mas prefere contribuir com o que faz de melhor: compor e cantar.

“Lilás”, faixa-título de seu álbum de 84, foi executada mais de 1.300 vezes nas rádios brasileiras, no dia de seu lançamento. Outro sucesso deste disco “Esquinas” composta em Los Angeles durante a gravação do disco. A carreira de Djavan está consolidada também nos EUA, graças aos inúmeros shows e reverências de artistas do quilate de Quincy Jones (editor de algumas de suas músicas do lado de lá do Equador). Em 85 lançada uma compilação do repertório de “Luz” e “Lilás” naquele país.

Quando todos pensavam saber o que viria a seguir, o álbum “Meu Lado” foi gravado inteiramente no Brasil e refletiu muitas outras facetas de Djavan. Nele, marcam presença a balada, o xote, o samba e a valsa, postos lado-a-lado e mesclados pelo suingue do cantor e compositor. Em 1987, Djavan volta aos estúdios americanos em “Não é azul mas é mar”, lançado lá fora com o título “Bird of Paradise”. No Brasil, América, Europa ou Japão, todos reconhecem a singularidade da obra de Djavan.

Se de início achavam que deveria mudar seu nome e que suas músicas eram muito complicadas, o nome curto - como o da maioria de suas músicas, aliás - traduz um pouco sua arte: simples, sem, entretanto, ser banal.

O popular e o sofisticado se misturam perfeitamente ao longo da carreira de Djavan. “Oceano”, música que impulsiona o artista de volta as paradas de sucesso do país, foi incluída na trilha sonora da novela "Top Model" trazendo o refinado violão flamenco de Paco de Lucia. O hit está em mais um álbum intitulado apenas “Djavan”, de 1989. Como curiosidade, este disco apresenta duas raridades no repertório de Djavan: “Corisco” (parceria com Gilberto Gil) e “Você bem sabe” (com Nelson Motta). O ato de compor é mesmo solitário para Djavan. Um de seus primeiros parceiros foi Aldir Blanc, mais tarde vieram Chico Buarque, Caetano Veloso, Orlando Moraes, Arthur Maia e Dominguinhos. Para Djavan, uma parceria não pode ser uma jogada comercial, é essencial que haja amizade, afetividade.

Quem tentar rotular Djavan é bem capaz de enlouquecer. Seu gênio criativo trabalha sem se preocupar com classificações. “Coisa de acender”, de 1992, é predominantemente marcado por fusões de ritmos e harmonias inovadoras que ninguém conseguiu qualificar até hoje. A única coisa que não muda a cada novo trabalho é sua poesia. Um bom exemplo é a canção “Se...”.

Assim como o anterior, “Novena” (94) foi bem recebido pelo público e pela crítica e mostra que Djavan aproveitou bem o intervalo entre um lançamento e outro. Neste trabalho, seu violão funciona como fio condutor. Com número reduzido de instrumentos, Djavan é básico e fundamental, assim como uma novena para um vilarejo.

O próximo disco é “Malásia”(96). Como o próprio nome sugere, Djavan abraça o mundo mais uma vez, passeando pelo bolero mexicano até o samba carioca, com escala na salsa cubana e incontornáveis baladas. Outra característica marcante que preserva desde o início de sua carreira é a opção por não privilegiar músicas de outros compositores. Este álbum, entretanto, registra três destes raros momentos: “Coração Leviano” de Paulinho da Viola; “Sorri” versão de Braguinha para “Smile”, de Chaplin; e “Correnteza”, de Tom Jobim e Luiz Bonfá. A primeira é uma homenagem certeira ao colega. A segunda fez parte da trilha da novela “Pacto de Sangue” - impossível de ser encontrada - e a terceira foi escalada para tema de Luana (Patrícia Pilar) em “Rei do Gado”. Não é que não goste das composições dos colegas. Se ele se identifica, grava sem problemas, como fez em “Gostoso Veneno”, em dueto com a amiga dos tempos de crooner Alcione, e em “Uma Brasileira”, com os Paralamas do Sucesso.

Em meados de 1997, Almir Chediak faz um inventário de sua obra. O songbook de Djavan é composto por dois livros com 98 músicas e três CDs com 47 canções interpretadas por mais de 60 artistas em gravações exclusivas.

Um disco “para cima”. Este era o objetivo de Djavan quando gravou “Bicho Solto - o XIII”. Se em “Malásia” o destaque ficava por conta dos metais e acento jazzístico, neste CD predomina uma levada funk, cheia de balanço, que botou todo mundo para dançar em seus shows com músicas como “Eu te devoro” e o rap “A Carta”, parceria com Gabriel, o Pensador.

Os 25 anos de carreira foram antecipados para 1999 com o lançamento do primeiro álbum do artista gravado fora de um estúdio. “Djavan ao vivo” é quase uma antologia de sua obra, com 24 faixas, sendo 22 sucessos inquestionáveis: “Flor de lis”, “Meu bem querer”, “Samurai”, “Faltando um pedaço”, “Seduzir”, e por aí vai. Porem, por acreditar que um disco deve trazer sempre algo novo, Djavan compôs as músicas “Acelerou” e “Um amor puro” especialmente para este CD. A primeira valeu-lhe o prêmio de melhor canção no primeiro Grammy Latino, em 2000. Mas, justiça seja feita, há muito a academia americana reconheceu - ainda que indiretamente - seu talento, premiando o grupo Manhattan Transfer, pelo álbum “Brazil” no qual cinco faixas são da lavra do alagoano.

Além de consoante com seu estado de espírito, o clima extrovertido deste dois últimos trabalhos é reflexo também da influência que músicos jovens trouxeram para estúdio e palco - a começar pela presença constante de seus filhos Flávia Virgínia (compondo e fazendo backing vocals) e Max Viana (guitarra). O caçula, João Thiago (baterista de Cássia Eller), deve juntar-se a eles já na gravação do próximo álbum de Djavan, que acontecerá no estúdio que montou em casa, com equipamentos analógicos e digitais de última geração. O artista revela que entre seus projetos futuros está a realização de um trabalho com seus três filhos (ainda vai demorar para que Sofia - com nascimento previsto para setembro / 2001 - possa integrar o grupo).

Como ídolo e figura pública, Djavan sabe bem a repercussão de seus atos e palavras e como tal não esconde sua postura política, atualmente apartidária mesmo que ainda seja simpatizante do PT. Ele confessa que, para ele, bom candidato é aquele cujo programa privilegie a educação, a saúde e a reforma agrária e que ele julgue ter condições de formar um congresso forte o suficiente para lhe garantir governabilidade. Como artista, faz o que lhe cabe e está a seu alcance dar alento a todas as camadas da população através de sua música, participar de shows e campanhas de fundo social.

Assim como a cada lançamento busca ter prazer e se divertir, Djavan acredita que teria sido um arquiteto no mínimo feliz. Talvez venha daí o segredo de seduzir pedras, catedrais ou corações. De qualquer maneira, para quem o escuta com atenção, Djavan já revelou seu sentido há muito tempo “Cantar é mover o dom do fundo de uma paixão...”

Fonte: Djavan.com.br

Site oficial

www.djavan.com.br

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