Cristian de Freitas

Três Pernas

Cristian de Freitas


Cala a boca, meu compadre
E deixa a comadre se manifestar
Só porque você tem três pernas
Comigo não vai poder gritar

Pisei numas rosas fedidas e sujas
Que cheiravam à hipocrisia
De repente, eu vi duas corujas
Que cantavam em plena luz do dia

Meu amigo foi preso na praia
Antes de pegar uma onda gigante
Pisou num castelo de areia
Como se fosse um elefante

De vez em quando eu acredito
No que a sociedade prega ser errado
E o cigarro do mundo eu pito
Enquanto espero ser um rei do gado

Cala a boca, seu moleque
E me vê um copo americano de amargura
Quero ficar nem que seja uma vez, de pileque
Pra que assim eu caia numa sepultura

Agora eu vou te contar
Dos filhos que eu tive mas não conheci
Porque pra conhecer alguém nesse mundo
Eu tenho que saber tudo o que aconteceu
Desde quando eu nasci

Eu detesto qualquer tipo de piada
Que discrimine a sociedade protetora dos animais
Quem faz isso não tá é com nada
E merece ser expulso da classe dos normais

Quando fiz um pacto com o satanás
Pensei duas vezes antes de falar com Deus
Mas agora sou deste orbe de feições, súdito fugaz
E deixo meu presente aos queridos meus

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