No dia 2 do último mês daquele ano par Vieram me buscar da bolsa quente que me amamentava Me expulsaram do silencioso altar, ventre maravilhoso E aquilo de nascer naquela hora me assustava
Eu vi dois olhos negros, toca clara, rosto coberto E então de peito aberto, comecei a chorar Chamaram Neusas, Sebastianas, Baltazares Juscélias, Lindomares, Domingos, todos vieram olhar
A criatura toda coberta de sangue Ardendo sob a luz do sol nascente a brilhar Chamaram pelo nome, tributo a Jesus Cristo Mas que diabo é isto? Só falta ele crescer, ser presidente e me alcançar
Depois de um ano quase internado no hospital Decidi ser anormal e ter a voz tão baixa quanto o nível desse mar Agradeço a Deus todos os dias por poder ao mundo escrever E pelo atmosfera poluída que não dá pra eu muito respirar
Daquele dia em diante, foi só festa e pecado E a morte lado a lado, qualquer coisa é só chamar pra outro plano Tenho vinte e um anos de pura mente aberta, não sei se é coisa certa Só sei que aprender, saber de tudo é ledo engano
E hoje eu sei que nos planos de Jesus Que se libertou da cruz e voltou para salvar o mundo E hoje eu sei que as estrelas me trouxeram E agora me transformaram em um herói vagabundo
E hoje eu sei que os meus pais não tinham nada E que eu fui aparecer totalmente na hora errada E hoje eu sei que a vida me acode E que só Deus me sacode nessa minha caminhada