Conceito de Rua
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Enciclopédia da Favela

Conceito de Rua


Enciclopédia da favela.

Na estrada de carro importado o playboy acelera e atropela, mas um trabalhador que voltou de serviço,
após encher o bolso do doutor, que ficou rico, eu não me conformo como ele passa impune, só pq tem dinheiro, ele pode ser imune, imune a justiça, imune a policia, é imune a qualquer coisa até imune a perícia, e o trabalhador que morreu, ninguém pensa nele, ninguém quer saber o que aconteceu, o estado pra ele nada fez, nenhum caixão pra ele deu, ai sua família teve que ficar sem almoçar, pra com as misérias guardadas o enterro conseguir pagar, e agora o que fazer, no dia seguinte, a criança sem o pai, vai crescer e vai cair no mundo do crime, e sua esposa então, já não agüenta mas pobreza, a ilusão, que passa na televisão, um monte de gente falando de futuro, que futuro? pra ela não existe mais futuro os filhos reclamando, de fome, de sede, sem estudo e sem dente, estão doentes, estão morrendo e de quem é a culpa do governo ou da prostituta, que é obrigada a vender o corpo por pão e por frutas, não conforma pq não tem chance pra pobre, e mais uma vez ela sobe, o morro pra se vender, pro playboy, que fez seu marido morrer, e mais uma vez ele faz ela sofrer, parece a lei da natureza, nasce pobre, crescer na pobreza, e morrer na favela, com a arma na mão seu único irmão, tirando a vida de outro cidadão, que as vezes nem é o culpado a culpa é do governo que fica olhando de braços cruzados, enquanto o boy, nasce na grana, vive na fama, esbanja, rebola, com seu carro importado com suas roupas da hora, e no final ainda pisa e acelera e leva o pai de família junto que idéia, de merda, o pai dele deu estudo pra ter uma mente assim, se desse essa chance pra mim, ele veria que valia a pena, iria acabar com a injustiça e com a policia, ia reformular a justiça e não ia ser mais um numero na estatística.

Ref.:
A enciclopédia moderna, é a da favela, mostra as estatísticas, e as injustiças, a morte e a vida, a alegria e a dor sofrida.
A enciclopédia moderna, não está nos livros, nem na internet, ela ta na estrada, ela está na cabeça na do moleque.


O moleque que cresceu sem o pai, agora já não sabe mais distinguir, ódio e amor, raiva e perdão, agora assalta pra tirar seu ganha pão, pra conseguir sobreviver, as vezes é forçado a matar ou morrer, a sociedade tem medo dele, o engravatado agora passa longe dele, diz que ele é o único culpado, que ele procurou estar do lado errado, é culpado pelo corpo boiando no rio, pela criança morrendo de frio, pelo prato vazio, o adolescente que mata de fuzil, atrás da droga, que acaba com o Brasil, pela grávida que deixa o filho no lixo, pelo desempregado, pelo aposentado que ganha uma esmola de salário, eu queria que um dia ele passasse por aqui, ficasse um dia na minha pele, e tentasse ser feliz, ai veria que não é tão fácil assim, que o sistema impõem isso em mim, pq o jornal nacional não nos mostra nada, e porque o cidade alerta só no mostra desgraçar, pq não tem um jornal, que mostra o trabalhador que ta na batalha sol à sol, que acorda ainda de madrugada que pega a condução lotada, trabalha o dia inteiro e que volta pra casa, pq não mostram mas a seca no nordeste, ou as crianças morrendo de peste, só pq é ano de eleição, ou será que é essa a educação, que os meus e os teus filhos terão, será? Essa é a idéia que os corruptos querem nos passar, eles querem nos alienar e nos transformar, nos mecanizar, e depois nos desprezar, e maltratar e de fome nos deixar passar.

Ref.:
A enciclopédia moderna, é a da favela, mostra as estatísticas, e as injustiças, a morte e a vida, a alegria e a dor sofrida.
A enciclopédia moderna, não está nos livros, nem na internet, ela ta na estrada na cabeça do moleque.

Mas uma vez a caminhada de um homem chegou ao fim, no final do serviço, lembro me meio assim se despedindo de mim, como se fosse seu fim, com um corpo cansado e um olhar de derrotado, a baixou a cabeça e seguiu seu destino, cruel e incrível, mas uma vida que é levada igual a de seu pai que foi tragada em outra madrugada, o sistema contaminou o mundo, acabou com a infância e com os sonhos das criança, os idosos deixados de lados a muito tempo atrás foram exterminados, só sobraram os revoltados ou os alienados, de uma sociedade que quer formar derrotados, mas o jogo as vez muda de jogador, agora o político vai ver o que sobrou e vai querer prestar atenção, mas já será tarde demais, espero que Deus tenha compaixão da sua alma, que saiba que seus erros e que suas derrotas, foram pra tentar mudar o mundo que nos roda, e tentar sobreviver nessa odisséia perdida.

Ref.:
A enciclopédia moderna, é a da favela, mostra as estatísticas, e as injustiças, a morte e a vida, a alegria e a dor sofrida.
A enciclopédia moderna, não está nos livros, nem na internet, ela ta na estrada na cabeça do moleque.

Composição: Romulo

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