Me justei de peão de campo Na "Estância da Cordilheira", Num rincão de Encruzilhada Terra buenacha e grongueira E me topei com uma eguada Orelha curta e traiçoeira Cria de um cuiudo toro Que veio lá da fronteira.
E já no primeiro dia Bem na hora da pegada Eu gritei "frente cavalo" E já formou a matungada, Me largo de piazote novo "Sente as garras na gateada, Que é égua de capataz Apartar boi na invernada"
Eu fui metendo o bucal E arrastei pra o parapeito E logo vi que a gateada Devia ter algum defeito Botei maneia de trava, Fui encilhando com jeito E apertei meus "Paysandu" Bem lá no osso do peito.
Desabotoei a maneia E alcei a perna com gosto, A gateada se golpeia Me dá com a nuca no rosto, Não encontrei mais cavalo Só via verde dos pasto, Um céu azul de regalo E mal e mal achei meus bastos.
"...Tem gente que anda dizendo, Que só dou pau em ventena Não sabem que a volta é braba E a vida fica pequena Só quem vive nos arreios Sabe a força de um Pavena Que obriga um índio tranqüilo A recorrer nas chilenas..."
Nem sei como me ajeitei Talvez por se "muy" cristão E fui tenteando na boca Meio a grito e a tirão Vendo que a coisa era feia Enrolei as rédeas na mão "Aprumei" o "cola chata" E abri pra fora "os ferrão".
E de lá trouxe cortando Porque a honra tem valor Não tenho "as perna ensaboada" E mal ou bem sou domador, Uma enganchou no sovaco Por baixo do tirador E a outra campeou um buraco Na volta do sangrador.
Sou crioulo das "Três Vendas" De raça que não se entrega, E a égua afrouxou o garrão Num banhado de macega E de lá veio escarceando Toda suada da refrega "...Cavalo que eu sento as garras Garanto que me carrega..."
Compositores: Anomar Danubio Machado Vieira, Cesar Oliveira de Souza (Cesar Oliveira) ECAD: Obra #1643133 Fonograma #1267250