Ele ia andando pela rua meio apressado Ele sabia que tava sendo vigiado Cheguei pra ele e disse: Ei amigo! você pode me ceder um cigarro Ele disse: eu dou, mas vai fumar lá... do outro lado Dois homens fumando juntos pode ser muito arriscado Disse o prato mais caro do melhor banquete E o que se come cabeça de gente que pensa Que os canibais de cabeça descobrem que Aqueles que pensam, porque quem pensa, pensa melhor parado Desculpe minha pressa, fingindo atrasado Trabalho em cartório, mas sou escritor Perdi minha pena, nem sei qual foi o mês Metrô linha 743
O homem apressado me deixou e saiu voando Aí eu me encostei um poste, fiquei fumando, Três outros chegaram com pistola na mão Um gritou... mão na cabeça, malandro. Se não quiser levar chumbo quente nos cornos Eu disse: claro, pois não, mas o que que eu fiz Se é documento eu tenho aqui E outro disse: não interessa, Pouco importa, fique aí Eu quero é saber o que você estava pensando Eu avalio o preço me baseando no nível mental Que você anda por aí usando Aí eu te digo o preço que a sua cabeça, agora, está custando Minha cabeça caída, solta no chão Viu meu corpo sem ela pela 1ª e última vez Metrô linha 743 Jogaram minha cabeça ôca no lixo da cozinha E eu era agora um cérebro Um cérebro vivo a vinagrete Meu cérebro logo pensou: Que seja, mas eu nunca fui tiete
Fui posto à mesa com mais dois E eram três pratos raros E foi o maitre que pôs Senti horror ao ser comido com desejo Por um senhor alinhado Meu último pedaço antes de ser engolido Ainda pensou grilado: quem será esse desgraçado Dono dessa zorra toda? Já tá tudo armado o jogo dos caçadores canibais Mas o negócio é que tá muito bandeira É bandeira demais, meu Deus, Cuidado, Brother, cuidado, sábido senhor Eu aconselho sério pra vocês Eu morri, nem sei mesmo qual foi aquele mês Metrô linha 743