Desesperança
Autores: Carlinhos Santana / Miro Bastos

Inferno externo interino
retorço o dorso ferido
meneio as folhas caídas
seguro as lágrimas sentidas
reparto o quarto contigo
divido o beijo partido
percorro o jardim sem sentido
engulo com gula a fumaça
monto na mula que passa
subo ao trapézio sem graça
durmo no banco da praça
apanho a fruta caída
procuro com gana a saída
balanço na ponta da corda
penetro a chave na porta
tiro o colar do pescoço
Maria me chama pro almoço
angu com taioba de novo
aquilata o retrato do povo
escuto a sanfona gemendo
sinto minhas pernas tremendo
minha esperança morrendo
a minha, a minha esperança morrendo
morrendo,morrendo,morrendo
Ô,ô,ô