Caetano Veloso

O Amor

Caetano Veloso


Talvez quem sabe um dia
Por uma alameda do zoológico
Ela também chegará

Ela que também amava os animais
Entrará sorridente assim como está
Na foto sobre a mesa

Ela é tão bonita
Ela é tão bonita que na certa eles a ressuscitarão

O século trinta vencerá
O coração destroçado já
Pelas mesquinharias

Agora vamos alcançar
Tudo o que não podemos amar na vida
Com o estelar das noites inumeráveis

Ressuscita-me ainda que mais não seja
Porque sou poeta
E ansiava o futuro

Ressuscita-me
Lutando contra as misérias do cotidiano
Ressuscita-me por isso

Ressuscita-me
Quero acabar de viver o que me cabe
Minha vida para que não mais existam amores servis

Ressuscita-me
Para que ninguém mais tenha de sacrificar-se
por uma casa, um buraco

Ressuscita-me
Para que a partir de hoje
A partir de hoje
A família se transforme

E o pai
Seja pelo menos o Universo
E a mãe
Seja no mínimo a Terra
A Terra
A Terra

Composição: Caetano Veloso, Ney Costa Santos Filho (Sobre poema de Maiakovski)

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