2002
# 14 faixas
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1942 - 7 de agosto Nasce Caetano Emanuel Vianna Telles Velloso, o quinto dos sete filhos de José Telles Velloso, funcionário público do Departamento de Correios e Telégrafos, e de Claudionor Vianna Telles Velloso. Em Santo Amaro da Purificação, pequena cidade do Recôncavo Baiano, próxima de Salvador.
1946 - 18 de junho Nasce em Santo Amaro da Purificação o sexto filho de seu Zezinho e dona Canô (como sempre foram chamados os pais de Caetano). À época, o cantor Nelson Gonçalves faz grande sucesso com uma música chamada Maria Betânia (de Capiba), e é assim que o pequeno Caetano quer que a sua recém-nascida irmã se chame. Assim será.
1947 - O menino revela pendores artísticos, demonstrando gosto por música, desenho e pintura. No rádio, ouve os cantores da música brasileira em voga, como Luiz Gonzaga; na cidade, os sambas de roda e os pontos de macumba.
1952 - Faz uma gravação única, para desfrute familiar, cantando "Feitiço da Vila" (de Vadico e Noel Rosa) e Mãezinha querida (de Getúlio Macedo e Lourival Faissal), hit de Carlos Galhardo. Ao piano, quem o acompanha é a irmã Nicinha.
1956 - Passa uma temporada no Rio de Janeiro, onde frequenta o auditório da Rádio Nacional, palco de apresentações dos maiores ídolos musicais brasileiros de então.
1960 - Muda-se com a família para Salvador. Depois de fazer o curso ginasial (correspondente às séries de quinta à oitava do atual primário) em Santo Amaro da Purificação, começa a cursar o colegial, ou clássico (equivalente ao atual secundário).
1961 - Intensifica-se o seu interesse por música - graças à Bossa Nova, particularmente ao cantor e violonista baiano João Gilberto; por cinema - graças ao Cinema Novo, particularmente ao diretor Glauber Rocha, também baiano; e por teatro. Na universidade local, uma programação de eventos instaura um ambiente modernizador e vanguardista. Enquanto absorve essa atmosfera, Caetano escreve críticas de cinema para o Diário de Notícias, cuja seção cultural é dirigida por ninguém menos que Glauber Rocha. Ele aprende violão, e canta com a irmã Maria Bethânia em bares de Salvador. Na TV, aprecia quando, às vezes, aparece um cantor novo, chamado Gilberto Gil. É numa dessas aparições que sua mãe, dona Canô, o chama, dizendo: Caetano, vem ver o preto que você gosta.
1963 - Ele ingressa na Faculdade de Filosofia da Universidade Federal da Bahia. Finalmente conhece Gilberto Gil, a quem é apresentado pelo produtor Roberto Santana, e inicia amizade também com Gal Costa (ainda Maria da Graça, à época) e Tom Zé. O primeiro trabalho musical: a trilha sonora da peça O boca de ouro, de Nelson Rodrigues, em montagem do diretor baiano Álvaro Guimarães, que o convida também para compor a de A exceção e a regra, de Bertolt Brecht. São trabalhos importantes para que ele se decida a ser cantor-compositor.
1964 - Junho Um marco histórico: o show Nós, por exemplo, com Caetano, Gil, Bethânia, Gal e Tom Zé, entre outros, integra os eventos de inauguração do Teatro Vila Velha, onde será reapresentado em setembro. Misturando canções e textos, Nós, por exemplo acabará influenciando a concepção de espetáculos de estrutura semelhante que virão a ser feitos no Rio de Janeiro e em São Paulo pouco depois.
1965 - Um marco de particular importância para Caetano: em Salvador, conhece João Gilberto - para ele, um dos artistas mais importantes do Brasil e uma das principais referências de sua trajetória artística.
Início do ano A Bahia de então fica pequena para a grandeza da cabeça e do coração do artista. Já ressentido do provincianismo local, ele abandona a faculdade e acompanha sua irmã Bethânia, chamada ao Rio para substituir a cantora Nara Leão no show Opinião. Gil, Gal e Tom Zé também se transferem para o sul do Brasil.
Maio Gravação do primeiro compacto simples (single) de Caetano, com Cavaleiro e Samba em paz, ambas de sua autoria, pela RCA. Pela mesma gravadora, e também num compacto simples, Bethânia lança É de manhã, dele, no outro lado de Carcará, que projetará a cantora nacionalmente. Segundo semestre Participação, ao lado de Gil, Gal, Bethânia e Tom Zé, no espetáculo Arena canta Bahia, dirigido por Augusto Boal e apresentado no TBC, em São Paulo. Tem músicas incluídas no curta-metragem Viramundo, dirigido por Geraldo Sarno.
1966 - A Revista Civilização, no seu número sete, publica um depoimento de Caetano em que ele fala da necessidade da retomada da linha evolutiva da música popular brasileira a partir das lições mais fundamentais da bossa nova. É uma das primeiras manifestações teóricas do artista-crítico, pensador da arte, Caetano Veloso.
Junho- Estreando na era dos festivais que sacudiram a MPB nos anos 60, ele concorre, em São Paulo, no Festival Nacional da Música Popular, da TV Excelsior, com Boa palavra; a canção, defendida por Maria Odette, classifica-se em quinto lugar.
Outubro- O grande poeta da canção começa a ser reconhecido como tal. A sua Um dia recebe o prêmio de melhor letra, no 2º Festival de Música Popular Brasileira, da TV Record, de São Paulo.
1967 - Caetano arrasa em Esta noite se improvisa, programa da TV Record que promove disputas nas quais os artistas participantes exibem seus conhecimentos de música popular; passa a se tornar mais conhecido. Compõe a trilha do filme Proezas de Satanás na terra do leva-e-traz, de Paulo Gil Soares.
Julho- Contratado pela Philips, gravadora pela qual sairão todos os seus discos de agora em diante, Caetano lança seu LP de estréia, Domingo, dividido com Gal Costa; do repertório, constam Coração vagabundo e Avarandado, entre outras. O disco mostra uma filiação do artista à bossa nova; no texto na contracapa, porém, ele avisa: Minha inspiração agora está tendendo para caminhos muito diferentes dos que segui até aqui.
Outubro A apresentação de sua marcha Alegria, alegria, ao som das guitarras elétricas do conjunto pop argentino Beat Boys, enlouquece o 3º FMPB, da TV Record, juntamente com a cantiga de capoeira Domingo no parque, de Gilberto Gil, com acompanhamento d'Os Mutantes. As duas canções se classificam, respectivamente, em quarto e segundo lugares. São os baianos rompendo com a tradição na nossa música.
Novembro- Alegria, alegria é lançada em compacto simples. A essa altura, já está em curso o Tropicalismo, movimento de vanguarda que abalará nossas estruturas musicais e culturais, com consequências notáveis até hoje. O movimento aplica e atualiza, num contexto de massa, a filosofia antropofágica do modernista Oswald de Andrade, que propôs o reprocessamento de informações estrangeiras para a criação de uma arte brasileira e original. Estabelece também uma ponte entre o rural e o urbano, a alta e a baixa cultura, a de bom e a de mau gosto. Público, crítica e artistas - entre tropicalistas e esquerdistas engajados - se dividem. Na imprensa, o poeta Augusto de Campos saúda o grupo baiano que o promove. Quanto a Caetano, eu organizo o movimento, canta ele, na canção-manifesto Tropicália.
21 de novembro- Um happening ocorre em Salvador e repercute nas revistas de todo o país: o seu casamento pop-tropicalista com a baiana Dedé Gadelha (ela de mini-saia).
1968 - Janeiro- Gravação de seu primeiro LP individual, Caetano Veloso. No disco ressaltam grandes e memoráveis clássicos como Alegria, alegria, a emblemática Tropicália, Soy loco por ti, América (esta, de Gil e Capinan), No dia que eu vim-me embora e Superbacana.
Maio- Lançamento de compacto simples contendo leitura tropicalista da antiga Yes, nós temos bananas, de João de Barro e Alberto Ribeiro.
Julho- Lançamento de Tropicália ou panis et circensis, LP coletivo de que participam Caetano, Gil, Gal e Tom Zé, além dos maestros e arranjadores eruditos Rogério Duprat, Julio Medaglia e Damiano Cozzella. O elenco de autores inclui ainda os poetas-letristas tropicalistas Torquato Neto, piauiense, e Capinan, baiano. Com Caetano, o repertório destaca Baby, dele, e uma recriação de Coração materno, de Vicente Celestino.
Setembro- Caetano é vaiado ao apresentar sua É proibido proibir na eliminatória paulista do 3º Festival Internacional da Canção (FIC), da TV Globo, no Teatro da Universidade Católica, de São Paulo. Vestido com roupa de plástico, ele lança de improviso um histórico discurso contra a platéia e o júri. 'Vocês não estão entendendo nada', grita. A canção é desclassificada. Sai em compacto simples.
Novembro- Interpretada por Gal, sua Divino, maravilhoso, parceria com Gil, tira o terceiro lugar do 4º FMPB - do qual ele participa como intérprete, defendendo Queremos guerra, de Jorge Ben. O programa de vanguarda Divino, maravilhoso estréia na TV Tupi, de São Paulo. Com todo o grupo tropicalista, aprontando mil e uma. Caetano lança um compacto duplo (EP) que inclui gravação de A voz do morto, samba que é censurado, sendo o disco recolhido das lojas.
Dezembro- Lançamento de Atrás do trio elétrico, dele próprio, e Torno a repetir, de domínio público, em compacto simples. Dias antes do Natal, a última apresentação de Divino, maravilhoso. A barra estava ficando cada vez mais pesada.
27 de dezembro- O terror do negror dos tempos sinaliza para Caetano e Gil. O Ato Institucional nº 5, que acirrou a ditadura militar e cerceou a liberdade artística no Brasil, tinha sido editado havia somente duas semanas. É nesse momento que os dois são presos em São Paulo sob o pretexto de terem desrespeitado o hino nacional e a bandeira brasileira. São levados para o quartel do Exército de Marechal Deodoro, no Rio, e têm suas cabeças raspadas.
1969 - Fevereiro- Na Quarta-Feira de Cinzas, Caetano e Gil são soltos e seguem para Salvador, onde têm de se manter em regime de confinamento, sem aparecer nem dar declarações em público.
Abril e maio- Caetano grava as bases de voz e violão que são mandadas para São Paulo, onde Rogério Duprat fará os arranjos e dirigirá as gravações de seu novo disco, Caetano Veloso.
Julho- Após dois shows de despedida, dias 20 e 21 no Teatro Castro Alves, Caetano e Gil partem com suas mulheres, respectivamente as irmãs Dedé e Sandra Gadelha, para o exílio na Inglaterra. O espetáculo, precariamente gravado, se transformará no disco Barra 69, de três anos mais tarde. Na swinging London da época, os dois casais se estabelecerão no bairro de Chelsea.
Agosto- Lançamento de Caetano Veloso. O álbum é o único de toda a discografia do artista que não traz uma foto sua na capa - toda branca. Não poderia; de que jeito se explicaria o pouco cabelo de Caetano? Quanto ao LP, ele traz, entre outras, Atrás do trio elétrico e Não identificado, do próprio, e célebres recriações de Carolina, de Chico Buarque, e Cambalache, tango de E.S. Discépolo.
Novembro- Lançamento de compacto simples com Charles, anjo 45, de Jorge Ben, e Não identificado.
1970 - De Londres, Caetano envia artigos para o tablóide carioca O Pasquim e canções novas para intérpretes como Gal Costa (que recebeu London, London, um hit), Maria Bethânia (A tua presença), Elis Regina (Não tenha medo), Erasmo Carlos (De noite na cama) e Roberto Carlos (Como dois e dois). Um marco: assiste o show dos Rolling Stones. Começa a se apresentar por palcos da Inglaterra e de outros países da Europa.
Segundo semestre- Lançamento na Inglaterra do seu primeiro disco concebido e gravado no exílio, Caetano Veloso, pelo selo Famous, da Paramount Records. No repertório, seis canções escritas em inglês - entre elas, London, London e Maria Bethânia - e uma pungente recriação de Asa branca, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. A gravação de Asa branca exprime a profunda tristeza que Caetano vivia por estar longe do Brasil. I don't want to stay here / I wanna to go back to Bahia, dizia uma canção de sucesso à época, Quero voltar pra Bahia, de Paulo Diniz, feita para ele.
1971 - Janeiro- Com permissão para ficar um mês no Brasil, Caetano vem ao país para assistir à missa pelos quarenta anos de casamento de seus pais. No Rio, militares praticamente o sequestram para um interrogatório, no qual pedem que ele faça uma canção elogiando a rodovia Transamazônica, então em construção. Estamos no período do governo mais ditatorial do regime militar: o do presidente Garrastazu Medici.
Junho- O primeiro disco inglês de Caetano sai no mercado brasileiro pela Philips. Agosto Caetano volta ao Brasil. Visita a família, na Bahia. Apresenta-se na TV Globo e, na TV Tupi, participa, com Gal Costa, de um programa especial com João Gilberto: um encontro histórico. Aproveita ainda para deixar gravado um frevo novo para o Carnaval do ano seguinte, Chuva, suor e cerveja.
Segundo semestre- Grava e lança outro LP em Londres pelo selo Famous, da Paramount Records: Transa, com cinco músicas compostas em inglês, mais Triste Bahia (sua musicalização de trecho de soneto do poeta barroco baiano Gregório de Mattos) e Mora na filosofia (de Monsueto Menezes).
Dezembro- Lançamento do compacto duplo O carnaval de Caetano, com cinco músicas, entre elas Chuva, suor e cerveja, que fará um grande sucesso no carnaval seguinte.
1972 - Janeiro- Lá vem o mano, o mano Caetano / Ele vem sorrindo, ele vem cantando / Ele vem feliz pois ele vem voltando. Alegria, alegria: para cumprir a promessa de felicidade da música de Jorge Ben - sucesso na voz de Beta, a mana Bethânia -, ele volta, finalmente.
Fevereiro- Lançamento de Barra 69, o registro do último show de Caetano e Gil antes do exílio. Entre as faixas, Cinema Olympia, de e com Caetano, e o hino do Esporte Clube Bahia, de Adroaldo Ribeiro da Costa, com ele e Gil.
Março- Lançamento de Transa no Brasil, com capa em formato inusitado, tridimensional, em estilo chamado de discobjeto. Caetano e Gil (que havia voltado em fevereiro) marcam seu retorno com um show no Teatro Municipal, do Rio. Um outro show, individual, de Caetano, estreará no Tuca, em São Paulo, e percorrerá outras grandes cidades do país. Nele, com novo visual, meio hippie, Caetano choca parte do público ao se apresentar imitando trejeitos de Carmen Miranda.
Maio- Caetano e Gil lançam um compacto simples, com Cada macaco no seu galho, de Riachão, e Chiclete com banana, de Gordurinha e Almira Castilho.
Segundo semestre- Caetano produz o disco Drama - anjo exterminado, um dos principais da carreira de Maria Bethânia e de toda a produção do período. Compõe a trilha sonora de São Bernardo, filme de Leon Hirszman a partir do romance homônimo do escritor Graciliano Ramos. No ano seguinte, a trilha receberá o prêmio de melhor música do Festival de Cinema de Santos.
10 e 11 de novembro- Divide com Chico Buarque um show no Teatro Castro Alves, em Salvador, com a participação do grupo vocal MPB-4; o espetáculo, gravado para se transformar em disco, serve para desmentir rumores de desavenças entre os dois artistas.
22 de novembro- Um quiçá Moreno nem vai querer saber qual era. Nasce, em Salvador, seu filho com Dedé Veloso. Para cumprir o que estava implícito no verso da canção Júlia / Moreno (Araçá azul), o menino é batizado com o nome de Moreno Veloso.
Dezembro- Lançamento do LP Caetano e Chico juntos e ao vivo; entre as faixas, músicas de Chico (como Partido alto, um dos hits do disco) cantadas por Caetano, e de Caetano por Chico, além de um medley com duas em dueto (Você não entende nada / Cotidiano, respectivamente de Caetano e Chico), outro enorme sucesso.
1973 - Janeiro- Caetano lança Araçá azul, seu novo LP individual, que surpreende o público pelo seu grau de experimentalismo anticomercial. O disco terá um grande número de devoluções e será retirado de catálogo. À época, ele lança também um compacto simples com Um frevo novo, dele, para o carnaval.
Março- Início de apresentações pelo interior do Brasil, seguindo o roteiro dos circuitos universitários, procedimento que começou a se tornar comum então.
Maio- Apresentação no evento Phono 73, série de shows promovidos pela gravadora Philips com todo o seu elenco nacional, no Anhembi, em São Paulo. Surpresa: Caetano canta música do cantor e compositor Odair José, considerado brega: Eu vou tirar você deste lugar.
Dezembro- Lançamento de compacto simples contendo música nova - Deus e o diabo - para o carnaval.
1974 - Caetano investe numa nova atividade no meio musical, a de produtor. Neste ano, produz o novo LP de Gal Costa, Cantar (que inclui duas canções suas, uma delas Lua, Lua, Lua, Lua), um marco na trajetória da intérprete, e Smetak, do músico experimental, radicado na Bahia, Walter Smetak.
Início do ano- Faz com Gil e Gal um show no Teatro Vila Velha, em Salvador, que, gravado, se transformará no álbum Temporada de verão.
Abril- Lançamento de Temporada de verão. Entre as três músicas cantadas por Caetano, O conteúdo, dele próprio, e Felicidade, de Lupicinio Rodrigues, grande sucesso daquele ano.
Novembro- Lançamento de compacto simples com Cara a cara, dele, e Hora da razão, de Batatinha e J.Luna.
1975 - Um compacto simples de Caetano, com musicalizações suas para os poemas dias, dias, dias (com citação de Volta, de Lupicinio Rodrigues) e Pulsar, de Augusto de Campos, sai encartado em Caixa preta (Edições Invenção), obra do poeta em parceria com Julio Plaza; quatro anos depois, sairá também acoplado ao livro viva vaia (editora Duas Cidades), que será então publicado por Augusto.
Junho- Depois de mais de dois anos sem gravar um LP individual, põe no mercado logo dois de uma vez, Jóia e Qualquer coisa. Jóia traz canções experimentais como Asa, asa e Gravidade; Qualquer coisa, o clássico que lhe dá título e três músicas dos Beatles. Caetano está provocativo como sempre - ou mais do que nunca. Na primeira edição de ambos os trabalhos, um manifesto define-os como dois pseudomovimentos, ironizando, na verdade, a idéia da necessidade de movimentos, comum à época. A capa original de Jóia mostra Caetano, sua mulher e seu filho nus, num desenho feito por Caetano; é proibida (bem mais tarde será reconstituída, quando o disco sair em CD). A de Qualquer coisa parafraseia a do álbum Let it be, dos Beatles.
Novembro- Lançamento de compacto simples destacando A filha da Chiquita Bacana, dele.
1976 - 24 de junho- Num reencontro histórico em palco, dez anos depois do show Nós, por exemplo, Caetano, Gil, Gal e Bethânia, se juntam novamente para cantar juntos como um grupo, os Doces Bárbaros, e estréiam no Anhembi, em São Paulo, a excursão homônima que percorrerá outras dez cidades brasileiras.
Julho- Sai pela Philips um compacto duplo gravado em estúdio com canções do show Doces Bárbaros.
7 de julho- A turnê Doces Bárbaros é interrompida: Gilberto Gil e o baterista Chiquinho Azevedo, da banda que acompanha o grupo, são presos por porte de maconha em Florianópolis, Santa Catarina, durante a passagem do show pela cidade. Uma polêmica de dimensão nacional cercando o acontecimento rapidamente se estabelece. Numa das declarações, Caetano afirma não fazer uso de drogas, justificando o apelido de Caretano, cunhado anos antes pelo amigo Rogério Duarte, artista gráfico-poeta-músico baiano, um dos mentores do movimento tropicalista.
Outubro- Lançamento do álbum duplo com o material do espetáculo Doces Bárbaros, que se transformará também em filme (do diretor Jom Tob Azulay).
1977 - Janeiro- Sai um compacto simples com as suas carnavalescas Piaba e A filha da Chiquita Bacana. Caetano se firma como um nome da moderna MPB que procura seguir uma tradição de velhos compositores: a de criar, todo ano, música pro carnaval.
Janeiro e fevereiro- Caetano e Gil participam do 2º Festival Mundial de Arte e Cultura Negra, em Lagos, Nigéria, onde passam cerca de um mês.
Abril- É publicado pela editora Pedra Q Ronca o livro Alegria, alegria, uma compilação de artigos, manifestos e poemas de Caetano, além de entrevistas com ele, feita pelo amigo e poeta baiano Waly Salomão.
Maio- Lançamento de seu novo disco, Bicho, reunindo algumas músicas que se tornarão clássicos, como Tigresa (que já virara hit na voz de Gal Costa), Um índio, Gente (espécie de protesto social dançante, na linha chamada de heavy causes in light music), Leãozinho e Odara. Nova polêmica se instaura. O termo odara acabará se tornando sinônimo de hippie ou, para a ala dos esquerdistas, alienado; os odaras, por sua vez, responderão aos que lhe cobram posicionamentos políticos explícitos, chamando-os de "patrulheiros ideológicos. Uma atualização da divisão entre os tropicalistas e os engajados da MPB, dez anos depois do movimento.
Setembro- Alegria, alegria, a canção, vira tema principal de uma novela da Rede Globo, à qual dá o nome, tirado de um de seus versos: Sem lenço, sem documento (verso que, por sua vez, foi tirado do livro As palavras, do escritor e filósofo francês Jean-Paul Sartre, papa do existencialismo; a citação é um procedimento comum na obra do baiano).
Novembro- É lançado o disco Muitos carnavais, uma coletânea da produção carnavalesca de Caetano feita principalmente a partir de gravações de músicas lançadas anteriormente em compactos.
1978 - Viagem à Europa com Gal Costa, para apresentações em Roma, Milão, Genebra e Paris.
Maio- Lançamento de compacto simples com duas canções tema de filmes: Amante amado, de Jorge Ben, da trilha de Na boca do mundo, e a sua Pecado original, da trilha de A dama do lotação.
Julho- Sai seu novo LP, Muito (dentro da estrela azulada), contendo as clássicas Terra e Sampa; o repertório traz ainda o hit Tempo de estio e Muito romântico (sucesso anterior na voz de Roberto Carlos, para quem foi originalmente composta), ambas dele, além de uma recriação de Eu sei que vou te amar, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes. Muito marcou o início da colaboração dos músicos reunidos com o nome de A Outra Banda da Terra no trabalho do artista.
Agosto- Lançamento de Maria Bethânia e Caetano Veloso ao vivo, LP tirado do espetáculo inicialmente concebido para ser apresentado apenas em Santo Amaro da Purificação, para levantar fundos para a catedral local, mas que acabou sendo levado a várias cidades do Brasil. Os dois cantam músicas em dueto e sozinhos, como Maria Betânia, de Capiba, e Carcará, de João do Vale e José Candido, ambas na voz de Caetano.
Novembro- Novo compacto para o carnaval, destacando a sua O bater do tambor.
1979 - 7 de janeiro- Nasce Júlia, filha de Caetano e Dedé; o bebê, no entanto, vive apenas alguns dias.
Novembro- Cinema Transcendental, seu novo disco, é lançado (agora, e daí em diante, pelo selo Polygram, da mesma companhia de seus discos anteriores, Philips). No repertório, canções antológicas de sua autoria, como Lua de São Jorge, Oração ao tempo, Beleza pura, Menino do Rio e Cajuína. Beleza pur" se torna o hit do LP; Menino do Rio estoura na voz de Baby Consuelo. Caetano se apresenta como intérprete no Festival de MPB promovido pela TV Tupi, defendendo a música Dona Culpa ficou solteira, de Jorge Ben; é vaiado por um público que não tolera a participação de artistas já consagrados no evento; a canção não recebe premiação.
Dezembro- Lançamento do compacto Carnaval 80, com o hit Massa real, dele, e Badauê, de Moa do Catendê.
1980 - Março- Começa a turnê do show Cinema transcendental, que percorrerá o circuito universitário nacional.
1981 - Março- Novo álbum na praça: Outras palavras. Lua e estrela, de Vinícius Cantuária, e Rapte-me, camaleoa, de Caetano, puxam a vendagem do disco, que se torna o mais vendido da carreira do artista até então - 100 mil cópias, o que lhe garante o primeiro Disco de Ouro. Outras palavras destaca ainda a faixa-título, mais uma incursão poética vanguardista, Sim/não (parceria com Bolão, que também sai em compacto), Vera gata e Nu com a minha música, todas dele. Rapte-me, camaleoa e Vera gata cantam duas musas de Caetano: a atriz Regina Casé e Vera Zimmerman, que também se tornará atriz mais tarde.
Maio- Shows em Buenos Aires.
Junho- Lançamento, pela WEA, do álbum Brasil, de João Gilberto com Caetano e Gil (e ainda a participação de Maria Bethânia). Estréia no Rio a peça O percevejo, do poeta russo Vladimir Maiakóvski, dirigida por Luiz Antonio Martinez Correa, com a participação de Dedé Velso como atriz e com alguns poemas musicados por Caetano; uma das canções da trilha, O amor, se tornará sucesso na voz de Gal Costa.
Setembro- Apresentações em Portugal.
1982 - Início do ano- Recebe o troféu Vinícius de Moraes de melhor cantor (de 1981), por seu trabalho no disco Brasil.
Março- Lança o álbum Cores, nomes, destacando Queixa (que também sai em compacto simples), Ele me deu um beijo na boca e Meu bem, meu mal (já então conhecida na voz de Gal), dele, Sina (de Djavan) e Sonhos (de Peninha); estas duas últimas, além da primeira, tornam-se os principais sucessos da obra, que, um mês depois de lançada, rende ao cantor seu segundo Disco de Ouro. Sina, dedicada ao próprio Caetano, assim transformado em muso, contribuiu com um termo inédito para a linguagem brasileira falada: o verbo caetanear. É em meio a esse irresistível caetanismo que se dá uma polêmica com o crítico e escritor José Guilherme Merquior. Este o acusa de pseudo-intelectual que tenta usurpar a área do pensamento. Por que os artistas - e não os pensadores - são chamados a opinar sobre os mais diversos assuntos?, pergunta Caetano. Esta é uma questão que deve ser pensada com rigor e delicadeza, diz.
Abril- Estréia a turnê nacional do show Cores, nomes, em Curitiba. Participação em filme, como ator: Caetano é Lamartine Babo (grande compositor da velha guarda da MPB) em Tabu, do cineasta Julio Bressane.
1983 - Fevereiro- Sai compacto simples com Luz do sol, dele.
16 de março- Inaugura o programa Conexão internacional, da TV Manchete, entrevistando Mick Jagger, o líder e cantor dos Rolling Stones; a gravação foi em Nova York.
Maio e junho- Uma nova polêmica é travada agora nas páginas do jornal Folha de S.Paulo entre Caetano e o jornalista Paulo Francis. Este começa por criticar a postura do artista diante de Jagger na entrevista para o Conexão internacional. Para Caetano, Francis é preconceituoso. Outros intelectuais e artistas são chamados a se posicionar contra ou favor.
Junho- Caetano aumenta o número de suas apresentações no exterior, cantando no Olympia, em Paris; em Israel, numa caravana com Elba Ramalho e Djavan; na noite brasileira do Festival de Jazz de Montreux, na Suíça, com João Bosco e Ney Matogrosso; em Roma, com Gil, Gal e João Gilberto; e - pela primeira vez nos Estados Unidos - em Nova York, onde é elogiado pelo crítico do jornal The New York Times.
Na volta, lança Uns, cujo repertório destaca os sucessos Eclipse oculto e Você é linda, dele, e É hoje (também lançada em compacto simples), samba-enredo da escola de samba União da Ilha, do Rio, cuja bateria participa da gravação - Maria Bethânia também. O trabalho encerra a colaboração de A Outra Banda da Terra, que é dissolvida. Começa no Canecão, no Rio, a turnê nacional de Uns.
13 de dezembro- Morre aos 82 anos José Telles Velloso, o pai de Caetano. 'O homem velho deixa vida e morte para trás', escreverá o poeta numa canção do ano seguinte, O homem velho, inspirada no pai e incluída no novo trabalho, Velô.
1984 - 24 de maio- Acompanhado agora dos músicos da Banda Nova, com quem gravou seu novo disco, Velô, estréia no Palace, em São Paulo, a excursão nacional do show homônimo.
Junho Lança Velô, trazendo, entre outras, Podres poderes (também em compacto), O quereres, Shy moon e Língua, estas duas com as respectivas participações de Ritchie e Elza Soares. Trata-se do trabalho mais rocky do artista.
Meio do ano- Novas discussões esquentam as páginas da Ilustrada, da Folha de S.Paulo. Atacado por um dos colaboradores do caderno, o poeta Décio Pignatari, Caetano responde aos insultos desfechando fortes golpes no articulista. Sobram farpas para todo lado.
1985 - Compõe e grava a música-tema - "Milagres do povo" - da série "Tenda dos milagres", sobre a obra do escritor baiano Jorge Amado, da Rede Globo. Nova incursão como produtor - desta vez, do álbum "Antimaldito", do cantor e compositor, além de escritor, Jorge Mautner, amigo desde os tempos de Londres.
Maio Apresentações na Europa: em Lisboa e, com Bethânia, em Madri, para platéias de 5 mil pessoas.
Julho- Show no Teatro Castro Alves, transmitido ao vivo pela Rede Globo.
Setembro Shows no Carnegie Hall, em Nova York, dias 24 e 25.
Outubro- Apresenta-se no projeto "Luz do solo", no Golden Room do Copacabana Palace, sozinho ao violão; o espetáculo, gravado, resultará no seu disco do ano seguinte.
1986 - Separado de Dedé Veloso, Caetano se une à carioca Paula Lavigne. "London, London", a triste canção do exílio do poeta-músico, é recuperada para as novas gerações numa gravação do grupo RPM, cantada por Paulo Ricardo. Quinze anos depois, novo estouro nas paradas.
Abril- Caetano faz sua primeira incursão cinematográfica, "O cinema falado" (o título remete ao primeiro verso de um samba de Noel Rosa"). O filme é feito em apenas três semanas, sem repetição de planos (a grana é pouca), e dará o que falar.
A ousadia poética de Caetano é detida pela censura, que proíbe a execução de "Merda", por ele composta de encomenda para a peça "Miss Banana". A canção homenageia a gente de teatro - "merda!" é a expressão do desejo de boa sorte de um ator para outro antes da entrada em cena.
Maio- A Rede Globo estréia "Chico e Caetano", programa mensal onde os dois artistas, além de cantar, apresentaram artistas convidados; entre estes, compareceram Cazuza, Jorge Ben Jor, Elza Soares, Tom Jobim, não faltando atrações internacionais, como o argentino Astor Piazzola e o cubano Silvio Rodrigues. O programa se transforma na coqueluche musical da TV brasileira em 1986, e todos vão querer dele participar, menos o roqueiro baiano Marcelo Nova, da banda Camisa de Vênus; Nova dirá que se recusa "a participar de 'namoro na TV'..."
Maio- Gravações, em Nova York, de um disco destinado especificamente ao mercado norte-americano.
Junho- Estréia em São Paulo "Caetano Veloso e violão", show intimista que será levado ao Rio em agosto. Agosto É lançado o álbum "Totalmente demais", gravado ao vivo durante as apresentações no projeto "Luz do solo". Entre as canções selecionadas, as suas "Vaca profana" e "Dom de iludir", lançadas anteriormente por Gal; "Todo amor que houver nessa vida", de Frejat e Cazuza, e a música-título, de Arnaldo Brandão e Tavinho Paes, que permanecera três anos retida pela censura. O álbum quebrará os recordes de vendagem de Caetano até então, atingindo 250 mil cópias e lhe rendendo um Disco de Platina.
Setembro- Estrepitosa estréia, no 3º Festival de Cinema, Televisão e Vídeo do Rio de Janeiro, do longa-metragem "O cinema falado", a realização de um velho sonho do artista. Será aplaudido por grandes diretores e artistas nacionais, mas também rechaçado por outros. Um filme sobre cinema e artes em geral, com produção independente, em linguagem experimental, em tom muito pessoal e com a participação quase que somente de amigos.
Lançamento, pelo selo Nonesuch, de "Caetano Veloso", o chamado "disco americano", que obtém boa recepção crítica. O repertório reúne reedições de canções suas e de outros compositores em arranjos acústicos; um medley funde "Nega maluca", de Fernando Lobo e Ewaldo Ruy, a "Billie Jean", de Michael Jackson. Um outro grande compositor americano presente é Cole Porter (como Caetano, um letrista excepcional), com "Get out of town".
6 de dezembro- A paz é restabelecida entre dois ex-amigos. Num encontro com os poetas concretos, em São Paulo, em que se comemoram trinta anos do movimento concretista, ocorre finalmente a reconciliação de Caetano com Décio Pignatari, dois anos depois dos mútuos ataques que desferiram através da imprensa.
26 de dezembro- "Chico e Caetano" se despede do telespectador da Globo, indo ao ar pela última vez.
1987 - 14 de fevereiro- O grande artista brasileira dá o seu depoimento para o Museu da Imagem e do Som - MIS - de São Paulo. Presentes, como entrevistadores, os poetas paulistas Augusto e Haroldo de Campos e Décio Pignatari, além do psicanalista baiano, também amigo, Tenório Cavalcanti.
Abril- Shows na Europa.
Junho- Relançamento de "Araçá azul", a radical e contundente experiência de quase quinze anos antes.
Setembro- Sai "Caetano", seu novo LP-CD, com uma vendagem antecipada de cem mil cópias. Traz dois hits: "Vamo comer" (parceria com Tony Costa) e "Fera ferida" (de Roberto e Erasmo Carlos). E dois clássicos: "Eu sou neguinha?" e a belíssima "O ciúme". Diferentemente das vezes anteriores, o lançamento do novo trabalho em disco não é acompanhado de entrevistas. É que Caetano, desgostoso com a imprensa, resolveu não falar mais com ela. Já não fala há algum tempo e não vai falar por mais tempo ainda. Trata-se de mais um capítulo da história do eterno divórcio entre artistas e jornalistas - no Brasil, protagonizada sobretudo e sobre todos por ele, Caetano Veloso.
Outubro- O show para promover "Caetano" dá o pontapé inicial de sua turnê nacional, que se prolongará pelo decorrer de 1988.
1988 - Março- Shows em Paris. Por aqui, a revista "Vogue" publica um número especial total e exclusivamente dedicado ao nosso poeta-músico-cantor-compositor-cineasta escritor-artista-intelectual-personalidade.
Maio- New York revisited: "Caetano" agora é levado para o público americano. Começa a voltar a falar com a imprensa. Só que ainda escolhe seus entrevistadores (assim mesmo, um dos primeiros é um amigo, Waly Salomão, num programa da TV Bandeirantes). A maioria continua de castigo.
Novembro- De volta a Nova York, desta vez para gravar, produzido por Arto Lindsay e Peter Scherer, a dupla de americanos que formam o Ambitious Lovers (Lindsay é um velho amigo que já viveu no interior de Pernambuco). O trabalho se estenderá até março do ano seguinte.
Dezembro- É publicado pela editora Lumiar e lançado com festa de arromba no Rio o songbook "Caetano Veloso", produzido por Almir Chediak. Em dois volumes e com as letras e as cifras de 135 canções.
1989 - Maio- Apresentações na Itália.
Abril- Aparece no papel do poeta Gregório de Mattos em "Os sermões - a história de Antonio Vieira", filme de Julio Bressane.
7 de junho- Estréia no Canecão, no Rio, a turnê de promoção do CD-LP "Estrangeiro", gravado em Nova York e que está sendo lançado. Entre as músicas, além da que dá título ao disco, contam-se "Esse amor" e "Branquinha", inspiradas em e dedicadas a, respectivamente, Dedé Veloso, sua ex, e Paula Lavigne, sua mulher. O hit é "Meia-lua inteira", de um compositor que está começando a ascender e que integra, como percussionista, a sua banda: o baiano Carlinhos Brown.
"Estrangeiro" será o seu primeiro disco lançado quase simultaneamente (pouco depois) no exterior. A recepção pela crítica especializada nos Estados Unidos será das melhores. O cantor e compositor David Byrne, líder da banda Talking Heads, fará na época elogios rasgados a Caetano e sua arte.
Julho- Shows na Europa, alguns com João Gilberto e João Bosco (em apresentações separadas).
21 de novembro- Recebe o Prêmio Shell para a Música Brasileira - 89, apresentando-se no Teatro Municipal do Rio.
Dezembro- Outro prêmio: o Sharp, de Música.
1990 - 26 de janeiro- Atentado contra a casa de Caetano em Salvador, onde ele está passando férias (como faz todo verão). De madrugada, uma bomba explode e três tiros são disparados. Em seu quarto, ele e a mulher nada sofrem. Importante: quase duas semanas antes, Caetano havia feito duras críticas à administração do prefeito Fernando José.
2 de fevereiro- O Dia de Iemanjá mais triste da vida do artista. No Rio, morre o filho de Gil, Pedro Gadelha Gil Moreira, seu afilhado. Pedro estava em estado de coma havia uma semana, após um acidente de carro. Era baterista (tocava na banda do pai), e muito próximo de Moreno, filho de Caetano.
Julho- Participação no Festival de Jazz de Montreux, na Suíça.
Outubro Sai finalmente no Brasil "Caetano Veloso", o seu "álbum americano", de 1986. Para promover o lançamento, acompanhado de três músicos, ele estréia no Canecão um novo espetáculo, "Acústico".
1991 - Abril- Reiniciada a turnê nacional de "Acústico".
21 de abril- Sua apresentação em homenagem ao Dia da Terra atrai 50 mil pessoas à enseada do Botafogo, no Rio.
Junho- Completa-se a lista de lançamentos de todos os seus discos (os que fez até então) em laser (LPs em CDs).
Setembro- Shows no Town Hall, em Nova York. A estada no umbigo do mundo se estende para as gravações de seu novo disco, novamente produzido por Arto Lindsay.
Outubro- Publica um longo artigo, de profundas implicações culturais, sobre a cantora Carmen Miranda no jornal "The New York Times". O texto, que chamará a atenção de um dos editores da Alfred Knopf, sairá posteriormente no Brasil, na "Folha de S.Paulo".
Novembro- Lançamento de "Circuladô". O CD destaca a canção-título, composta por ele a partir de fragmento da obra de "proesia" (prosa + poesia) "Galáxias", do poeta Haroldo de Campos; duas novas canções-pensamentos acerca do Brasil e da sua inserção no plano internacional: "Fora de ordem" e "Cu do mundo"; e mais duas de fonte de inspiração familiar, uma sobre a mulher, Paulinha, "Ela ela", e outra para anunciar o filho de ambos, "Boas vindas".
Numa carta para Caetano, o presidente da República do Brasil, Fernando Collor de Melo, sugere um encontro dos dois. Caetano (eleitor de Leonel Brizola, no primeiro turno, e de Lula da Silva, no segundo, nas eleições presidenciais de 1990, das quais Collor saiu vencedor) acabará não respondendo à carta.
1992 - Janeiro- "Caetano, por que não?" é o título do estudo sobre o artista, abordando o seu percurso poético-musical, feito pelos acadêmicos Gilda Dieguez e Ivo Lucchesi; o livro sai pela Francisco Alves.
25 de janeiro- Um público estimado em 50 mil pessoas assiste à sua apresentação no Anhangabaú, em São Paulo, no aniversário da cidade.
7 de março- Nascimento de Zeca Lavigne Veloso, segundo filho de Caetano e seu primeiro com Paula Lavigne. No Rio.
Março- "Circuladô", o espetáculo, estréia no Canecão, no Rio.
Abril- No programa de entrevistas de Jô Soares - o "Jô onze e meia", do SBT -, Caetano resolve inesperadamente contar quem o delatou em 1968, detonando o processo que levou à sua prisão. O locutor de rádio Randal Juliano. Ele teria noticiado - sem checar a veracidade, ao embalo das atitudes ditatoriais - que Caetano e Gil haviam desrespeitado os dois símbolos nacionais, parodiando o hino e rasgando a bandeira.
Maio- Pela segunda vez, Caetano é agraciado com o Prêmio Sharp de Música.
Agosto- Seus cinquenta anos de idade, completados dia 7, servem de motivo para vários tributos na mídia. No principal deles, a TV Manchete exibe uma série especial de cinco programas, dirigida pelo cineasta Walter Salles. "O tempo não pára e no entanto ele nunca envelhece".
Dezembro- Tanto foi o sucesso do show, que este acabou resultando num disco, e duplo: o CD "Circuladô vivo", que é lançado.
1993 - Fevereiro O livro "Caetano - esse cara", organizado por Héber Fonseca, é publicado pela editora Revan, contendo depoimentos dados ao longo da carreira em várias publicações, emissoras de rádio e de televisão.
Março e abril- O desejo de comemorar os 26 anos de Tropicalismo e os trinta de amizade coloca em estúdio Caetano Veloso e Gilberto Gil, para a gravação de um novo disco, juntos. O trabalho começou a ser preparado antes e marcou a retomada da parceria dos dois.
Agosto- Lançamento de "Tropicália 2", de Caetano e Gil, pela Polygram, o disco mais esperado e comentado do ano no Brasil. Entre os destaques, o hit "Haiti", rap social da dupla; a homenagem "Cinema Novo", também dos dois; e "Desde que o samba é samba", de Caetano.
25 de setembro- Gil e Caetano apresentam "Tropicália 2" - o show - na Praça da Apoteose, no Rio; o espetáculo será levado em 2 de outubro ao Pólo de Arte e Cultura do Anhembi, em São Paulo.
1994 - 28 de janeiro- Salvador assiste finalmente a "Tropicália 2": o acontecimento é no Parque de Exposições.
Fevereiro- "Atrás da verde e rosa só não vai quem já morreu". A paráfrase do verso de "Atrás do trio elétrico", o velho e imenso sucesso carnavalesco de Caetano, dá nome ao enredo da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, que homenageia Caetano, Gil, Gal e Bethânia. Os quatro fazem um show na quadra da escola e depois brilham no desfile na avenida Marquês de Sapucaí, no Rio, no carnaval. Caetano, que chegara a compor um samba para Mangueira, sai esfuziante e emocionadíssimo.
Maio- Tempo de estúdio: é "Fina estampa" sendo gestado. A Polygram havia pedido a ele um disco com suas canções vertidas para o espanhol, para lançar no mercado latino, mas Caetano preferiu gravar clássicos latinos relidos sob uma perspectiva bossa-novista. Para isso, chamou para fazer os arranjos orquestrais e toda a direção musical o maestro e violoncelista Jaques Morelenbaum, músico de sua banda que tocou anos com Tom Jobim.
1 de junho- Os sempre Doces Bárbaros Caetano, Gil, Gal e Bethânia voltam a cantar juntos, agora no Royal Albert Hall, em Londres; a bateria da Mangueira participa muito especialmente do espetáculo.
Junho e julho- "Tropicália duo" - o "Tropicália 2" em transposição acústica, só com Gil e Caetano, vozes e violões - é exportado para a Europa e os Estados Unidos.
Agosto- Caetano Veloso se encontra com Pedro Almodóvar, em Madri. Grande admirador do trabalho do baiano, o cineasta espanhol incluirá a gravação de "Tonada de luna llena" (de Simón Diaz) feita por Cae (no CD "Fina estampa") na cena final de seu filme "A flor do meu segredo".
Em show em Nápolis, outro encontro: com Lucio Dalla, grande nome da moderna música popular italiana.
Na volta, em São Paulo, na Tom Brasil, as primeiras das poucas apresentações de "Fina estampa" em território nacional.
Outubro- "Caetano Veloso e violão" leva cerca de 40 mil pessoas à praça da Apoteose, no Rio. Participações muito especiais de Chico Buarque, Milton Nascimento e Mercedes Sosa.
Em sua primeira entrevista como presidente da República virtualmente eleito (as eleições tinham acabado de se realizar), Fernando Henrique Cardoso cita frases de Caetano; para ele, o pensamento do artista a respeito do Brasil é um modelo a ser seguido.
Dezembro- "Tropicália duo" inicia sua excursão brasileira por Rio, São Paulo e Belo Horizonte.
1995 - Caetano começa a escrever um longo livro de reminiscências, impressões, visões e opiniões sobre os anos 60. Trata-se de uma encomenda da editora norte-americana Alfred Knopf, desde que um de seus editores se impressionou com o texto do brasileiro sobre Carmen Miranda publicado no "The New York Times".
Abril- "Fina estampa" é levado a países da América Latina.
Junho- Apresentação no Central Park, de Nova York; com a participação do músico e compositor japonês Ryuichi Sakamoto.
Novembro- Lançamento de "Fina estampa - ao vivo", incluindo músicas do disco homônimo gravado em estúdio. Entre as novidades do repertório, um sucesso de Orlando Silva, "Lábios que beijei" (de Álvaro Nunes e Leonel Azevedo), uma composição de João Gilberto, "Você esteve com meu bem" (com Russo do Pandeiro), "Cucurrucucu paloma" (Tomas Mendez), "O samba e o tango" (Amado Regis) e "Soy loco por ti, América" (Gilberto Gil e Capinan).
9 de dezembro- "Alguma coisa acontece no meu coração / Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João". Exatamente na esquina celebrizada no clássico "Sampa" (lugar onde ele morou nos anos 60), ergue-se o palco do show que Caetano faz para São Paulo.
31 de dezembro -Mais comoção em massa. No reveillon, a praia de Copacabana assiste ao maior espetáculo musical da sua história: Caetano, Gil, Gal, Chico Buarque, Milton Nascimento e Paulinho da Viola cantam num tributo a Tom Jobim; participação especial da bateria da Mangueira.
1996 - Início de janeiro- A informação de que Paulinho da Viola recebeu cachê mais baixo que os demais participantes do show do reveillon gera um imbróglio envolvendo os artistas, a prefeitura do Rio e o patrocinador. Em meio às discussões, a mulher de Paulinho falseia um documento. Caetano, Gil, Gal e Chico rompem com Paulinho.
Abril- Caetano começa a gravar a trilha que compôs para o novo filme do diretor Carlos (Cacá) Diegues, "Tieta do Agreste", baseado na obra de Jorge Amado e com Sônia Braga no papel principal. Na direção musical e nos arranjos, outra vez Jaques Morelenbaum. Participação muito especial de Gal.
Setembro- Paralelamente à entrada do filme em cartaz, sai também a trilha original de Caetano em CD, "Tieta do Agreste", com Gal. O lançamento é da Natasha Records, da qual Paula Lavigne é sócia. Entre as composições, "O motor da luz", "Coração-pensamento" e uma que se tornará sucesso no carnaval baiano de 97, "A luz de Tieta".
Caetano e Gal estréiam o show "Tieta do Agreste", tendo por base o repertório do filme e do CD com a trilha. A banda Didá, de percussionistas femininas da Bahia, participa.
Dezembro- O artista é objeto de mais um livro - "O arco da conversa: um ensaio sobre a solidão", de Cláudia Fares (Cada Jorge Editorial).
A Polygram lança no mercado uma caixa com 30 CDs de Caetano.
1997 - 25 de janeiro- No dia do aniversário de Tom Jobim, nasce em Salvador Tom Lavigne Veloso, segundo filho do casal (terceiro de Caetano).
Junho e julho- Turnê por Europa e Estados Unidos. Na volta, início das gravações do novo CD.
30 de outubro- Convidado por Madalena Fellini, irmã de Federico Fellini (1921-93), Caetano faz um show na República de San Marino, perto de Rimini (Itália), cidade natal do cineasta; em comemoração do aniversário de casamento de Fellini e da atriz Giullite Masina (1920-94), anteriormente homenageada por Caeatano em canção que leva seu nome.
Novembro- Dois lançamentos importantes: um livro e um disco. No ínicio do mês, sai "Verdade Tropical" (editora Companhia das Letras, 524 páginas), o há muito esperado livro de Caetano, em que ele dá a mais profunda e pessoal das visões acerca dos principais aspectos e acontecimentos relacionados com o movimento tropicalista. A publicação é amplamente debatida nos principais centros intelectuais do país.
No meio do mês, é lançado "Livro", o novo CD do artista. No repertório, entre outras, uma versão rap de "Navio negreiro", do poeta romântico baiano Castro Alves, outra de "Na Baixa do Sapateiro", clássico de Dorival Caymmi, e "Minha voz, minha vida", dele próprio, feita nos anos 80 para Gal Costa gravar
1998 - Fevereiro- Recebe o título de doutor Honoris Causa pela Universidade Federal da Bahia (UFBa).
- Tropicália 30 Anos - foram realizadas várias homenagens ao cantor, entre elas Trio Eletrônico comandado por Gilberto Gil em Salvador.
Agosto- É premiado na categoria MPB do Video Music Brasil.
Outubro- O cantor protagoniza um show-homenagem para a coreógrafa Pina Bausch que comemora 25 anos de sua dança-teatro na cidade alemã de Wuppertal.
Novembro- Imagem do som - exposição no Paço Imperial, no Rio de Janeiro, reúne obras de 80 artistas que se inspiraram em músicas de Caetano Veloso.
Lançamento do disco "Prenda Minha"
Durante o ano faz turnê pelo Brasil com o show Livro Vivo
1999 - Março- Caetano e João Gilberto dividem palco do teatro Gran Rexpor em Buenos Aires, Argentina.
14 a 16 de maio- apresenta no teatro da Cité de La Musique, em Paris, no projeto "Carte Blanche" junto com Augusto de Campos e Lenine (show produzido pelo próprio Caetano Veloso).
Maio- Caetano canta "Orfeu" em um CIEP dentro da favela de Vigário Geral, no Rio de Janeiro.
Junho- Participa da 27ª edição do JVC Jazz Festival em Nova York.
Julho- Tour pelos Estados Unidos e Canadá
Setembro- Lança "Omaggio a Federico e Giulietta", com músicas sobre cineasta Federico Fellini.
2000 - Janeiro- Dirigi a produção do disco "João Voz e Violão", primeiro disco de João Gilberto em estúdio em nove anos.
"Livro Vivo", foi considerado o segundo melhor show do ano de 1999, segundo a revista norte-americana "Time Out", de Nova York.
Fevereiro- Ganhou o Grammy 99 de melhor álbum de world music por "Livro"
vencedor do Grande Prêmio Cinema Brasil 2000, por "Orfeu" como melhor trilha sonora, Prêmio Antônio Carlos Jobim.
Abril- Show junto com Dulce Ponte em comemoração dos 500 anos de descobrimento do Brasil;
Faz a direção artística do CD de Virgínia Rodrigues - "Nós".
Junho- Show de abertura do Festival 500 Anos, em Londres.
Pavarotti e Caetano cantam em Modena.
Julho- Entra em estúdio e inicia dois novos projetos: um CD com músicas inéditas, a maioria composta nos quartos dos hotéis em que se hospedou durante a recente turnê européia, e um outro só com canções norte-americanas, as suas preferidas.
Setembro- O disco "Livro" foi escolhido o melhor álbum de MPB no primeiro Grammy Latino.
Dezembro- Lançamento do CD Noites do Norte.
2001 - Janeiro- Faz a direção musical do CD "Nova Cara" do grupo Afro Reggae.
Fevereiro- 'Doces bárbaros' fazem homenagem a Caymmi - O Carnaval de Salvador viveu um dia de homenagens ao cantor e compositor Dorival Caymmi, e aos criadores do trio elétrico, Dodô e Osmar. Subindo pela primeira vez no trio elétrico, a cantora Maria Bethânia se reuniu a Caetano Veloso, Gilberto Gil e Gal Costa - retomando o quarteto conhecido como "doces bárbaros" - para cantar grandes sucessos de Caymmi.
Maio- Recebe o 8º Prêmio Multishow de Música como melhor cantor.
18 de junho Participa da celebração 14ª Edição do Bloomsday, no Rio de Janeiro
A partir de junho Tournê pelo Brasil com o show "Noites do Norte"
Produz, em dupla com Celso Fonseca, o cd de Martinália, "Meiga Presença"
Julho- Participa do filme de Almodóvar, "Fale com ela" ("Hable con Ella"), cantando no set "Cucurrucucú Paloma" ("Coo Coo Roo Coo Coo Paloma")
29 de Setembro de 2001- Almoço de gala para Caetano Veloso, na casa do cineasta italiano Michelangelo Antonioni, em Trvei na Itália
Novembro- Lança "Noites do Norte ao Vivo"
2002 - Abril- Direção musical do disco "Pé do Meu Samba" de Mart'nália
Maio- Turnê pelo Chile, Peru, Venezuela e México
Julho- Participa do 36ª Festival de Montreux
Agosto- Lançamento do CD "eu não peço desculpas", parceria com Jorge Mautner
02 de setembro Participa da mesa-redonda sobre o Grupo Noigandres no Teatro da USP juntamente com Augusto de Campos.
Setembro- Lançamento do filme "Fale com ela" ("Hable con Ella") de Almodóvar, onde Caetano participa de um set.
A Editora Knopf lança nos EUA: "Tropical Truth"
Novembro- (turnê nos EUA, México e Canadá) show no Beathe Beacon Theater, em Nova York
Dezembro- Lança a caixa Todo o Caetano 2002
Show reencontro Doces Bárbaros, no Rio de Janeiro e São Paulo.
2003 - 23 de março- Participa da cerimônia de entrega do 75º Oscar Caetano Veloso e a mexicana Lila Downs cantam "Burn it Blue", trilha do filme "Frida", em Los Angeles
Maio- Participa da homenagem ao poeta Waly Salomão na Bienal do Livro do Rio de Janeiro
Setembro- Recebe o Prêmio do 4º GRAMMY LATINO 2003 como Melhor Álbum de Música Popular Brasileira - "Eu Não Peço Desculpa", Caetano Veloso e Jorge Mautner
Outubro- Particioa na PUC, em São Paulo, no evento "Galáxia Haroldo", realizado pela TV Cultura, uma homenagem ao poeta, crítico e tradutor Haroldo de Campos fundador do movimento de poesia concreta nos anos 50, morto em agosto deste ano
Novembro- Lançamento do livro Letra Só pela Cia das Letras
Dezembro- "Cinema Falado", de 1986, é relançado em DVD
direção artística de "Mares Profundos" de Virgínia Rodrigues
2004 - 25 de janeiro show na esquina das avenidas Ipiranga e São João ? São Paulo - comemoração dos 450 anos da cidade.
Abril- lançamendo do CD "A Foreign Sound"
Maio- Show no Carnegie Hall, em Nova York
Junho e Julho- Turnê com o show A Foreign Sound
2006 - Lança o disco Cê
2007 - Lançamento do disco Cê Ao Vivo
2008 - A parceria com Roberto Carlos é lançada em disco: Caetano Veloso e Roberto Carlos - e a música de Tom Jobim
2009 - É lançado o mais novo cd de Caetano Veloso, Zii e Zie
Fonte: Site oficial (Atualização: equipe Vaga-lume)