Fui pro sertão pra rever a minha terra Encontrei meu pai na guerra sem fuzil e sem canhão O velho estava num começo de semana Lá naquele mar de cana manejando seu facão
Ele me disse, vai dizendo que eu escuto Quando estou nesse chão bruto é pesada a obrigação Só paro um pouco no almoço e no café Mesmo assim como de pé sob a mira do patrão
O que eu ganho nem dá pra comer mandioca Meu trabalho dou em troca de comida e moradia Mas agradeço o meu Deus por sua bondade Por saber que nessa idade ainda tenho serventia
Você bem sabe que eu tenho setenta e seis Dia catorze do três foi aniversário meu Tudo é bobagem, você sabe que eu não ligo Mas pensei aqui comigo, o meu filho me esqueceu
É de doer naquela cana como escravo Disse meu patrão, tá bravo falta cana pra moê E do engenho vou maiá feijão na vara Eu já vou, não me repara, logo a gente se vê
Quantas vezes quis trazer meu pai comigo Mas ele é bem antigo e de lá não quer sair Quem é matuto como é meu velho pai Daquele sertão não sai, não adianta insistir
Compositor: José Caetano Erba e CaciquePublicado em 2022 (31/Mar)ECAD verificado fonograma #32598306 em 07/Abr/2024 com dados da UBEM