Por um trilho estreito entre samambaia De chapéu de palha eu ia pra mina Enchia o corote com a canequinha De água fresquinha, limpa e cristalina
Depois me sentava no barranco ao lado E entusiasmado eu ficava olhando A queda da água rodando o moinho E no ribeirãozinho o monjolo malhando
À tarde eu deixava o monjolo parado E o arroz socado levava pra janta Corria na venda, comprava envelope Voltava à galope num cavalo pampa
Tomava um traguinho, jantava bastante Achava importante escrever pros parentes Contando que a roça estava limpinha E que ninguém tinha ficado doente
Mas minha pobreza foi contaminando E aos poucos tirando esta felicidade Deixei minha roça, meu berço sagrado Me vi obrigado a mudar pra cidade
Passei a comer arroz de pacote Troquei o corote por filtro esmaltado Nem carta escrevo, pois vivo sozinho Só vejo moinho no supermercado
Se vejo monjolo, é movido a motor Só em casas de flores vejo samambaia Mas fico orgulhoso por ver margaridas Limpando avenidas de chapéu de palha
A grande saudade que tenho guardada Será revelada se um dia eu voltar Então pedirei perdão ao presente Pra eternamente na roça eu ficar
Compositores: Joao Doracio (Carlos Cesar) (SICAM), Oswaldo de Freitas Morgado (Morgado) (SICAM)Publicado em 2015 (12/Nov) e lançado em 2008 (27/Mar)ECAD verificado obra #2053073 e fonograma #11930354 em 07/Abr/2024 com dados da UBEM