Foi numa vila muito bela Bem pacata À beira mar Se ouvia só o som das ondas beijando a areia Terra de caiçara Gente simples, gente boa Mal sabiam que a tranquilidade ia acabar Seu Zé Levantou às 4 Passou o café Acordou o neto Pegou o picaré Que hoje a pescaria vai ser boa Até sonhou que sua canoa Tava cheia até a boca Passou a marola O mar tava bem calmo Avistou de longe algo inusitado Achou que era peixe Aquele mar prateado Mas quando viu de perto Ficou assustado E o barco 'virô', o barco 'virô' E o barco 'virô', o barco 'virô' Aquele monte de lata Que se perdia de vista Seu Zé todo confuso E sem crer no que se via Matou sua curiosidade Logo soube a verdade Que o produto era de fina qualidade Seu Zé Encheu a canoa E meteu o pé Chegou no seu barraco E gritou 'mulher' Escuta, corre Chama a vila toda Que a viagem vai ser boa Eu vou fazer o pé de meia Passou uma semana Comprou um fuscão Barco motorizado e televisão Ficou famoso
A notícia se espalhou Todos queriam o chá do velho pescador E o barco 'virô', o barco 'virô' E o barco 'virô', o barco 'virô' Domingo Fim de tarde E Seu Zé tava de boa Com sua vela acesa Bem tranquilo com a patroa Quando viu Seu neto entrar correndo Com os 'zóio' arregalado Vô, tão vindo o 'zomi' armado com fuzil Seu Zé Abre a porta, é a polícia Ou nós mete o pé Calma, senhor Entre Vou lhe servir um café Que essa lenda é boa Eu te conto a história toda Fique calmo Não se exploda de bobeira Tava no mar Achei que era alucinação Abri uma lata O cheiro me deixou doidão Enchi minha canoa Não vou mentir pro senhor Mas bateu uma onda E o barco 'virô' E o barco 'virô', o barco 'virô' E o barco 'virô', o barco 'virô' E o barco 'virô', o barco 'virô' E o barco 'virô', o barco 'virô' É, Seu Zé A casa caiu De humilde caiçara pescador A famoso vendedor de latas mágicas E o barco 'virô'