Assis Carvalho
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Gateada Madrinha

Assis Carvalho


GATEADA MADRINHA

Vinha o sol de bico aberto no canto de um galo novo,
e a manhã fazendo pouso lá por detrás do capão.
A indiada abertando a cinha num bate-bate de argola
e um choro fino de espora como clarim do galpĂŁo.

Eguada com cria ao pé com sereno no topete
que clareou costeando o brete talvez pressentindo o chĂŁo
cada tordilha mais linda, umas xucras outras mansas
e um cusco que é das confiança para lidas com a criação.

Num grito de abre a porteira tropilha se esparramando
a potrada se trompando contra as Ă©guas na saĂ­da
mais lembrava um olho d'água que da terra ía surgindo
e serpenteava sumindo por entre a várzea comprida.

No lombo de um zaino louco, sestroso e passarinheiro
um campeiro abria o peito entre a poeira e o tropel
até previa o momento que o maula fosse sentando
renegando de um zorrilho que há dias foi pro céu.

Um sincerro no pescoço nu costado musical
de uma gateada cardeal, madrinha por experiĂŞncia
o capataz bem de longe num bico-branco calçado
parecia um delegado nos setembros da querĂŞncia.

Talvez tivesse na idéia mirando campos e estradas
de soltar esta gateada na frentre de outra tropilha
pra invernar nalgĂşm rincĂŁo os tubunas do poder
que fazem o povo sofrer taperiando estas coxilhas.

Vinha o sol de bico aberto no canto de um galo novo...

Composição: Márcio Nunes Correa, Luiz Marenco

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