As Pantaneiras
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Carro da Saudade

As Pantaneiras


Aindo os pingos do sereno permanecem
Entrelaçados com o reinado do capim
Ainda paira no sossego da manhã
O doce cheiro que vem da flor do alecrim

Ainda bem a lua nem se apagou
Pra ir dormir no berço deste azul sem fim
Nem bem o sol rompeu a sombra do infinito
Já canta o carro da saudade para mim

E lá vem ele só
No vermelhão do pó
Num canto triste
Do chumaço e do cocão

Carro de boi que vem
Na estrada azul do além
Vem no compasso
De saudade e solidão

É o que vejo me espelhando no passado
Do emaranhado da lembrança torturar
Um velho carro a gemer sobre a campina
No passo lento da boiada a lhe arrastar

Em cada folha que goteja o frio orvalho
Em cada flor que o sol ansioso vem beijar
Tudo se torna uma carga de saudade
Pro velho carro do meu peito carregar

E lá vem ele só
No vermelhão do pó
Num canto triste
Do chumaço e do cocão

Carro de boi que vem
Na estrada azul do além
Vem no compasso
De saudade e solidão

Hoje seu canto é uma escrita desbotada
No livro gasto da poesia do sertão
Foi se apagando aos poucos sua melodia
Sob o barulho do motor do caminhão

Sua madeira foi ficando apodrecida
E seu carreiro sem emprego e sem patrão
E os verdes campos hoje estão emudecidos
Sem o seu carro, sem a rima e sem canção

E lá vem ele só
No vermelhão do pó
Num canto triste
Do chumaço e do cocão

Carro de boi que vem
Na estrada azul do além
Vem no compasso
De saudade e solidão

Carro de boi que vem
Na estrada azul do além
Vem no compasso
De saudade e solidão

Composição: Paiva

Letra enviada por Pedro Paulo Mariano

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