Mil Desculpas
Não queria um encontro nessa circunstância,
Preferia um churrasco, futebol com criança,
Mais eu que vacilei, desculpa ai essa errata
Do meu jogo sujo,coração de barata,
Um bicho que mata com ódio e covardia,
Minha cabeça maquinava vazia
Mais tem alguma coisa aqui dentro que me corrói,
Assassinei seu super-herói,
Desculpa ai pelo rancor,
Mais um coração posto a prova da dor, que horror!!
Entendo que não tem volta, é um buraco sem remendo,
Agora não adianta mais de tudo me arrependo.
Tudo que eu tinha você me tirou,
Meu filho meu sorriso, todo amor.
Te chamei aqui pra dizer o quanto eu sinto,
é embaçado não adianta mais tô arrependido.
Três anos atrás do muro,
Guardado no fundo de uma cela abarrofada,
Cheia de fungo, banheiro imundo com cheiro das trevas,
Calor absurdo, tuberculose prolifera,
Nessa luz escura, num clima de tortura quis ser mais esperto,
Quase fui pra sepultura,
A monstruosidade que eu sempre apliquei,
Tá dentro da cela comigo, é um armazém,
Eu que fiz refém, aqui sou aprendiz,
Reflito como foi desonesto o que eu fiz,
Não é que isso aqui reabilitou um infeliz,
Mais é porque agora encontrei meu juiz.
Eu de cabeça baixa, sem força, indefeso,
Cansado das mágoas, da dor, do desprezo,
Nada mais me importava,
Os crimes, os presos,
Como se cada lágrima tirasse um peso...
Refrão:
O passado e a saudade, como posso apagar,
Impossível esquecer, não é fácil perdoar (2x)
Pela sua voz eu entendo o sofrimento,
Deve ser difícil perdoar, eu lamento!!
Jesus me perdoou, pela perda, pela dor,
Espero que a senhora também um dia me perdoe.
Não sei se a senhora acredita em transformação,
Eu não acreditava e Deus mudou o ladrão,
Explicar com palavras é embaçado
E não tem palavras o suficiente pra explicar a conversão.
Eu sei que pedi mil desculpas não adianta,
Mesmo as mil desculpas sendo verdadeira e franca,
Minha humilhação não devolve a esperança,
O orgulho que te arranquei e que agora sangra
E molha o seu rosto com melancolia
E escorre como choro de amor e agonia.
Quanto vale essa tormenta trágica?...
Me fale por favor o preço de uma lágrima.
Lágrimas não tem preço meu rapaz,
Só eu sei a falta que ele faz
E agora está tudo acabado,
Jamais a vida volta pra trás.
Meu conselho era simples:
Não roube, trabalhe, conquiste!
Eu vim até aqui pra saber o porquê, você cometeu esse crime.
Talvez pelo país, onde todo mundo deve,
Onde todo mundo rouba, sei lá, tem mão leve.
Desde o primeiro cidadão de portugal,
Se é desde o começo, imagine o final.
O motivo era banal, um pouco mais que um real,
Nem sei por que matei talvez respeito e tal...
Refrão:
O passado e a saudade, como posso apagar,
Impossível esquecer, não é fácil perdoar (2x)
Não era a cara dele, na verdade de ninguém,
Era pra ele tá na aula e eu também.
Ele não tinha malícia, só ibope com as "patrícias",
Mais tava me atrasando e pior, virou notícia.
Senhora perdoe a minha aberração,
Por ter matado seu filho, te peço perdão!
Ainda sonho com seu rosto, não esqueço seus gritos,
Quando atirei no peito do menino...
Ahh...Eu não pude acreditar, eu corri, corri eu corri,
Mais não consegui lhe salvar.
Ahh...Meu filho deitado sem forças n
No meu colo mexendo a boca, tentando falar...
Mãe, sua voz tá ficando distante,
Não solta da minha mão, não, em nenhum instante.
Tô ficando com medo, e essa poça de sangue,
Tá tudo escurecendo e dá pra ver de relance,
O pessoal da sala, o que tão fazendo?...
Nem bateu o sinal, eu não entendo.
Mãe o sangue é meu e tá por todos os lados,
Olha pro pneu da ambulância, tá lotado!!
Mãe eu tô com frio e tá ficando tudo escuro.
Quando isso acabar vou mudar, eu juro!!
Porque fizeram isso comigo, o que aconteceu?
E essa lágrima no seu rosto mãe?...
É um adeus?!!
Fala pro meu pai que não foi falta de sorte,
Só não segui seu conselho, talvez ele não suporte.
E pro meu irmão aprender com a minha morte.
Mãe eu te amo, me aperta bem forte!!
Refrão:
O passado e a saudade, como posso apagar,
Impossível esquecer, não é fácil perdoar (2x)
Você arrebentou com a minha vida,
Meu filho não volta mais.
Mas com tudo eu não vejo outra alternativa..Eu te perdoo!!
Compositor: Ivan de Castro Rino (Feijao)
ECAD: Obra #9572906 Fonograma #5763535