El condor passa sobre os Andes e abre as asas sobre nós. Na fúria das cidades grandes eu quero abrir a minha voz. Cantar, como quem usa a mão para fazer um pão, colher alguma espiga; como quem diz no coração: - Meu bem, não pense em paz, que deixa a alma antiga.
Tentar o canto exato e novo, que a vida que nos deram nos ensina, pra ser cantado pelo povo, na América Latina.
Eu quero que a minha voz saia no rádio, pelo no alto falante; que Inês possa me ouvir, posta em sossego a sós, num quarto de pensão, beijando um estudante. Quem vem de trabalhar bastante escute e aprenda logo a usar toda essa dor quem teve que partir para um país distante não desespere da aurora, recupere o bom humor. Ai! Solidão que dói dentro do carro... Gente de bairro afastado, onde anda meu amor? Moça, murmure: Estou apaixonada, e dance de rosto colado, sem nenhum pudor.
E à noite, quando em minha cama for deitar minha cabeça, eu quero ter cabeça eu quero ter daquela que me ama um abraço que eu mereça; um beijo: o bem do corpo em paz, que faz com que tudo aconteça; e o amor que traz a luz do dia e deixa que o sol apareça sobre a América, sobre a América, sobre a América do Sul.
Obs.: Álbum de 1976.
Compositor: Antonio Carlos Belchior (Belchior) ECAD: Obra #29436 Fonograma #13560539