Invado teus espaços Procuro teu abraço E nada do que eu falo ou, sinta te faz me querer.
Me envolvo em vaselina Engulo a saliva que ficou no teu garfo Me deito nua em preto-e-branco abaixo do abajur de néon Na pele chocolate com gotinhas de cointreau na língua o fel que me intoxicou.
Analisei Maria , Valéria Messalina meu amor a virgem de Granada, Shriley Temple me enfeitiçou.
Colei fotos minhas no teu quarto de dormir,e pintei tudo de salmão Rasguei colchas e tecidos Ando semi-nua no terraço ,e você nem ligou.
As minhas roupas eu doei para o abrigo da esquina da emancipação As minhas tatuagens cobrem todos meus pecados,cortes, e feridas, cicatrizes, manchas de batom.
Notas muito agudas no piano não te seduzem mais Comida mexicana, esmalte vinho , castanholas,botas de cowboy só ruborizam os teus pais.
Viagens ,suco de papoila Filmes de Vadim estão na tua cara, na tua mente e, enfeitam as tuas falas.
O sol que invade a casa pelo corredor Jane Fonda de biquíni em 66 Rumores, vozes, imagens de Sai Baba desfilam pela casa em meio ao tédio e a estupidez.
Eu revelei meus medos Eu te liguei antes de me jogar Eu risquei a tua tese de mestrado com o giz de cera que Marina tua filha deixou na gaveta para pintar.
Esvaziei armários Queimei livros e revistas Em testamento o acervo de Fellini já é todo seu.
Não sinta pena nem remorso Você foi tudo que eu podia ter As tuas frases foram minhas E por tantos anos eu só fui você.