Poente Distante
Quando a tardinha me sento
Mirando o dia morrer
Me paro quieto pra ver
A sombra que se prolonga
As lonjuras se extraviam
Pelo poente perdidas
No entardecer as distâncias
Me parecem mais compridas
O sol na crista dos cerros
Espia já se escondendo
Olha pra o mundo revendo
A trilha do dia vencida
No entardecer de seus dias
Um homem mira a existência
Repisa o chão da querência
Mede as distâncias da vida
Distâncias e entardecer
Tem muitas coisas iguais
Ambas estampas finais
Ambas são fins de jornadas
O entardecer é horizonte
A distância é sesmaria
Um fica no fim do dia
Outra no fim das estradas
Depois que o sol se retira
O passarinho emudece
No açude a água adormece
Se apaga o fogão da estância
Uma quietude serena
Vem tomar conta de tudo
É o mesmo silêncio mudo
Que há no fim da distância
Talvez além da distância
Fique o silêncio do nada
Quem sabe fique a morada
Do sonho e das ilusões
E depois do entardecer
Depois que a mente adormece
A alma voa e parece
ir viver nestes rincões
Distâncias e entardecer
Tem muitas coisas iguais
Ambas estampas finais
Ambas são fins de jornadas
O entardecer é horizonte
A distância é sesmaria
Um fica no fim do dia
Outra no fim das estradas
Composição: Antônio Carlos Boeira; Luiz BastosOuça estações relacionadas a Analise Severo no Vagalume.FM