("Tropeiro velho guarda bem como tesouro O seu berrante de ouro e o seu lindo par de esporas Tropeiro velho não tem medalha de ouro Mas tem a traia de couro para lembrar a sua história")
Tropeiro velho na sua rede deitado Relembra o seu passado e tem vontade de chorar Quando era moço, era forte e respeitado Agora velho e cansado só lhe resta recordar
Sente saudade das campinas verdejantes Do repique do berrante, das pousadas no galpão De madrugada com seu cavalo arreado Ouvindo o berro do gado tomava seu chimarrão
Tropeiro velho da pele dura enrugada Dos frios das madrugadas, do sol quente e geada Tropeiro velho corroído pelo tempo De chuva, de frios ventos e o grosso pó das estradas
Em seu cavalo, com amigo e companheiro Cavalgava o dia inteiro no transporte de boiada Sentia orgulho em ser um bom boiadeiro E não sentia os janeiros que depressa se passavam
E com o tempo vem a grande evolução Encheram nossos sertões de máquinas pesadas E as boiadas não viajam mais pelo chão Viajam de caminhões em gaiolas separadas
Tropeiro velho vendo embarcar uma boiada Se lembra das peonadas e sente uma dor no peito No pensamento revê as longas estradas Que cruzou com as boiadas e hoje é tapete preto