Menina lá do mirante Toda vestida de caça Deite-me vista saudosa E um adeus da sua graça
A menina é o retrato Sem mesmo tirar nem pôr De quem me prendeu de amor Nas festas de São Torcato Tem mesmo um olhar gaiato Expressivo, embriagante E essa boca insinuante Onde a alegria perdura É romã fresca madura Menina lá do mirante
Anda a brisa, com desvelo Perfumada a lúcia-lima A saltitar-lhe por cima Dos anéis do seu cabelo Abençoado modelo De mulher da minha raça Pois toda a gente que passa Olha os céus e diz ao vê-la A menina é uma estrela Toda vestida de caça
Ó meu amor vá um dia À minha terra e verá Que do seu mirante lá É um voo de cotovia Verá como se extasia Ante a paisagem formosa Que se estende graciosa Num encanto sem limite Caso aceite o meu convite Deite-me vista saudosa
No domingo há procissão Com andores dos mais ricos Bodo aos pobres, bailaricos Fogo preso e animação Lá encontra um coração Que de amor se despedaça Portanto, a menina faça Esse coração vibrar Dando-lhe um simples olhar E um adeus da sua graça