Eleutério nascido em berço nada esplêndido Já desde pequeno queria empreender Sentia que a escola do bairro era um atraso Pulava o muro pra poder aprender
Olhava os mercantes na feira, trocando entre si Percebeu que o valor se encontrava ali Chegou a conclusão, que no ato de vender A satisfação do outro é o que faz acontecer
Juntou alguns vintenhos, comprou alguns limões Fez uma bela limonada e foi vender em mil portões Mas Maria do Rosário ficou indignada Chamou logo a polícia, que desceu a cacetada
E disse e aí vagabundo, por que não tá na escola? Eleutério perguntou, o que faz você na minha cola? O policial riu, disse que era proibido trabalhar com aquela idade E que então, precisava confiscar a propriedade E o pobre Eleutério, perdeu sua limonada Mas não, a sua dignidade
Eleutério!
Conseguiu trabalhar de porteiro E juntar um dinheiro Que ele deu de entrada num Combão bem maneiro Fazia trechos ousados em sua comunidade Logo já dirigia por toda a cidade
Mas aí a companhia de transporte Sentiu no bolso e preparou o seu golpe Ligou para o prefeito que era seu amigão A polícia bateu, cadê a licitação? Eleutério então disse, que te importa meu irmão? E por seu desacato, parou no camburão
Tentou ser camelô Atrapalha a passagem! Foi vender salsichão Sai daqui chinelagem!
E Eleutério teimava em aprender a lição De que pra prosperar, tem que ter arma na mão Fez inúmeros bicos, comprou um barracão Mas perdeu para um Shopping, que ganhou no leilão
Morreu pobre mas deixou o enterro pago Em sua lápide entalhou o seu recado Se há na vida algum ditado que valha É o que diz que muito ajuda, quem não atrapalha