Ainda me lembro era manhã de domingo Deitado na sala, o sol na minha cara eu ainda tentando dormir Às 9 no Andaraí, ah, as costas já doem no sofá Mas e daí? Também tá bom Olho pra cima mas nunca me desespero Eu sei, vai melhorar Se a vida for da maneira que eu espero Não só me convenci, já convenci o bondão Na mesma barca visando mais de um milagre e um vidão Vejo o horizonte do barraco do irmão Embaralhando na mente o funk e os latido do cão Sei que é uma vida de cão mas não se envolve meu primo Espanco no rap, já meto na rádio a boa e tá lindo Até parece, já dizia o amigo Que há 4 anos no funk já tava desiludindo Mas mesmo assim não acreditava naquilo que ele falava Pra mim era isso ou nada sem outra opção Depois de algum tempo na estrada Um foi parar lá na gringa e na vida desesperada e o outro na prisão Mas ta tranquilo meu mano É o tempo daquele sonho vingar e toda palavra jogada emergir Se eu tenho fé na caminhada tu tem parte na parada Ta quase tudo no esquema mete o pé daí
Parece que era ontem, fazia rima como se elas fossem Mudar minha vida e onde ela me trouxe, hein? Noite no morro era baile de quadra Subindo escada era tarde eu e o bonde relíquia do Andara Com pouco tempo pra zuar mas quando dava era certo o rolé Fazer fumaça admirando de perto as mulher Sensação de liberdade é só lazer Salve meu mano Palermo não temo tempo a perder Lembro do gosto da cerva, lembro o churrasco na laje É um tempo bom que não volta, pelada, bola na trave Sempre esperando o melhor com a mente receptiva Numa terra sem lei quem é que faz a justiça, doutor? Pelas vielas o sol torrando a cabeça Os magrin portando ferro que te estoura a cabeça É foda, eu vi o mano entrar pro crime sem outra opção Babilônia te põe medo e tu perde a razão Eles visam a grana na mão, largaram o sonho do funk No corre e as grama na mão é foda mexer com esses bang Rodou fazendo a missão, ninguém merece três anos Sem ver a mãe na prisão, ligou passando a visão Achou que tava no inferno mas viu que era pior Seu coração tá na sola vai aprender a viver só Nós somos o mesmo de sempre, mesma cidade Esperando a sua liberdade
Sou carne, sou alma, eu sou favela Não guardo indícios da minha dor Não julgue meu morro, minha área pela janela Não atira não, doutor, que eu sou trabalhador